Jovem denuncia que vereador do interior não quer assumir paternidade
Na
manhã desta segunda-feira (22), a jovem Karita Evini Passos Davi
procurou a Agência de Notícias ContilNet para fazer uma denúncia. Karita
é filha do vereador do município de Plácido de Castro, Raimundo
Albuquerque (PSDC), porém não é reconhecida legalmente.
A jovem, que é radialista na cidade de Tarauacá e tem 18 anos, conta como se deu sua criação:
“Eu
nunca tive contato direto com ele, pois quando ele saiu da cidade onde
moro [Tarauacá], eu era muito nova. Ainda não tinha completado nem um
ano”.
Karita conta que nunca conheceu o pai e que ele abandonou sua mãe ainda jovem, para morar em Plácido de Castro:
“Eu
sempre tive contato com o restante da família, mas como ele foi morar
em Plácido, ser professor, nunca tivemos contato. A minha mãe tem certo
receio por ele ter ido embora e ter nos deixado muito cedo.
Ela
tinha 16 anos quando engravidou dele; fui criada pela minha avó”.
Questionada sobre o conhecimento do vereador sobre sua existência,
Karita afirma que de acordo com relatos de sua mãe, até os seis ou
setemeses, ele prestou alguma assistência básica a ela.
Depois que o vereador foi embora, o pai dele,avô de Karita, assumiu esse papel, porém por pouco tempo, já que precisou vender algumas coisas para morar no município de Plácido de Castro.
A
jovem radialista, hoje maior de idade, diz que sempre teve o desejo de
saber quem era seu pai. Como a família dele se dividiu entre a cidade
natal, Tarauacá, e o município de Plácido de Castro, quando ainda era
menor de idade ela procurou os parentes em sua cidade.
Ela conta quando se deu o real desejo de conhecer o pai:
“Teve um projeto de lei [estabelecendo] que para todos os alunos de escola pública que não tinham o nome do pai em seu registro
[de nascimento], automaticamente seria aberto um inquérito de
investigação de paternidade. Foi aí que nasceu em mim a vontade de saber
quem é meu pai.”
Como Karita trabalha
em uma rádio local, ela afirma que foi muito fácil descobrir quem era
ele. A jovem conta que, assim que descobriu, começou a querer saber um
pouco mais sobre a vida dele.
No
último ano, Karita ligou para Raimundo, que é vereador em Plácido de
Castro, e falou com ele. Ela conta em detalhes como se deu a conversa:
“Conversei com ele por telefone, falei pra ele que entraria com um processo
de reconhecimento de paternidade, e perguntei a ele se ele sabia que eu
era filha dele. Ele nunca negou e falou que não iria ser necessário
exame de DNA”, afirma.
Porém,
o reconhecimento de paternidade ainda não aconteceu: “Como eu era menor
[de idade], precisava da minha mãe para entrar com o processo [de
reconhecimento de paternidade]. Porém, ela não quis.
Depois, eu consegui convencê-la, só que como eu trabalhava e estudava, ficou mais difícil de procurar ele”, relata.
Já maior de idade, Karita entrou em contato novamente com o vereador:
“Neste
ano, entrei novamente em contato com ele e com parte da família que
mora em Plácido. Eu queria falar com ele, dizer que quero fazer uma
faculdade e precisava da ajuda dele; afinal, ele é meu pai e nunca me
deu assistência nenhuma até então”, pondera.
Karita
relata que foi visitar o pai no município de Plácido de Castro; no
entanto, a atual mulher do vereador, descontente com a visita da filha,
ofendeu tanto a Karita como a sua mãe:
“Quando
cheguei à rodoviária de Plácido, ele foi me buscar de carro, mas não
deu nenhuma palavra [durante o trajeto até a residência].
Quando
fui falar com ele, minha madrasta, a mulher casada com ele atualmente,
veio com confusão e usou palavras de baixo calão, proferiu ofensas a
minha mãe e a mim”.
Decepcionada, Karita conta que seu pai não esboçou reação alguma ao ver a mulher ofender sua filha:
“Ele
não me defendeu. Então, avisei pra ele que entraria com o processo [de
reconhecimento de paternidade]. Falei também que consultaria meus
direitos para acioná-la judicialmente. Tenho testemunhas; a família toda
ficou do meu lado”.
Karita
ainda conta que, com o emprego de radialista, descobriu que o vereador
tem mais filhos: “Dos cinco filhos que ele tem, apenas dois são
reconhecidos. Um deles mora em Tarauacá, uma em Rio Branco e outro eu
não conheço pessoalmente”.
Com o desejo de morar na Capital, Rio Branco, e cursar faculdade de jornalismo, Karita afirma:
“Eu
quero ser reconhecida como filha dele. Eu quero que ele me dê o que ele
me negou durante 18 anos. E que pare de querer dar uma de bom moço. Um
pai que abandona o próprio filho não é o que ele aparenta ser”.
O
vereador foi procurado pela reportagem da Agência ContilNet e disse que
não vai comentar sobre o caso agora, pois o seu advogado está tomando
as providências cabíveis.
“Já
passei o caso para o meu advogado, que está tomando as providências
jurídicas, e por enquanto não posso falar nada mais sobre o assunto”,
desconversou.
Fonte: Agência ContilNet
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