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ECONOMIA: Depois do saco de maldades, falta um plano de governo.


A campanha eleitoral trouxe um ensinamento para a presidente Dilma Rousseff: a função de um presidente da República é eminentemente política, e não a de gerente.
Por política, não se entenda uma função que despreze a gestão, pelo contrário. Cabe à presidente definir o rumo, o papel de cada Ministério, viabilizar politicamente as alianças e mobilizar o país na direção apontada.
Mas fazer política não é apenas montar um Ministério pensando na maioria parlamentar: é apontar o futuro, desenhar o sonho, acender as expectativas. Só se mobilizar com ideias claras e propostas fundamentais para a construção do futuro.
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No seu primeiro mês de governo, Dilma Rousseff liberou o Ministro da Fazenda Joaquim Levy para abrir seu saco de maldades. Ensina-se nos manuais políticos que a maldade faz-se de uma vez.
Agora, aguarda-se que desenhe o futuro.
A presidente tem se reunido com seus Ministros, passando orientações, não se sabe quais porque continua vigorando a lei do silêncio no Palácio.
Até agora não indicou os presidentes de bancos públicos, não definiu as prioridades, a não ser um slogan para educação. Mas certamente está se preparando para a agenda positiva a ser anunciada em breve.
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Nos últimos anos a sociedade brasileira alcançou uma dinâmica nova, com novos incluídos, nova escala das empresas – e dos problemas também. Mas há problemas que permanecem rondando o futuro, como ectoplasmas que não conseguem ser exorcizados.
São desafios que dependem de vontade política, capacidade de mobilizar a opinião pública, de montar pactos com a sociedade civil, de movimentos sociais a empresários.
Alguns desses fantasmas:
  1. A burocracia pública. Nos próximos meses deverá ser definitivamente implantado o módulo gerencial do SIAFI, um trabalho monumental de Nelson Machado, projeto que vinha se arrastando desde a gestão Bresser Pereira. Com novas ferramentas, as possibilidades da Internet, a própria presença do Ministro da Microempresa Guilherme Afif Domingos, será possível uma revisão nos processos internos do governo. Essa é uma praga secular que mereceria a criação de um grupo de trabalho permanente para enfrentar o problema.
  2. Modelos de participação social. O preço da maior inclusão social é abrir as possibilidades de participação social em todos os níveis: atraindo ONGs, movimentos sociais, sindicatos, entidades empresariais, novos movimentos que surgiram no bojo das manifestações de abril de 2013.
  3. Reconhecimento definitivo dos direitos do consumidor e revigoramento das agências reguladoras. O episódio mais vergonhoso do primeiro governo Dilma foi a complacência da Anatel e do Ministério das Comunicações com os problemas da telefonia.
  4. Reforma política. Inadiável.
  5. Regulação econômica da mídia, acompanhando o que fazem todas as democracias ocidentais do planeta. Eliminando definitivamente a possibilidade de políticos serem donos de concessão e também a propriedade cruzada.
  6. Redefinição clara das políticas industriais, de conteúdo nacional e de compras públicas à luz do ajuste fiscal e da crise da Petrobras.
  7. Aprofundamento dos programas de inovação e de integração das universidades com as empresas.
Luís Nassif é um jornalista brasileiro. Foi colunista e membro do conselho editorial da Folha de S. Paulo, escrevendo por muitos anos sobre economia neste jornal

Fonte: http://jornalggn.com.br/

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