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POLÍTICA: As lições de FHC a Dilma


Ex-presidente Fernando Henrique Cardoso sugere que, por questão de patriotismo, a presidente Dilma Rousseff renuncie ou admita que errou. Não incluiu nas recomendações ajoelhar no milho, vergastar-se em público ou ir a pé até Aparecida do Norte.

Tivesse nível político, a esta altura do jogo estaria nas articulações da governabilidade, o pacto tácito lançado na semana passada entre lideranças empresariais, políticas e alguns gurus suprapartidários, como Delfim Neto, para garantir um mínimo de governabilidade ao país.

Essa ira extemporânea visou apenas dar o troco a esses ignaros que o deixaram de fora do banquete dos sábios.

Fora do governo, nunca teve dimensão para se tornar uma dessas figuras reverenciais, a quem a Nação recorre em tempos de tempestade.

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Nas eleições de 1998, FHC enganou os eleitores da mesma maneira que Dilma. Garantiu que a política cambial não mudaria. O câmbio explodiu menos de dois meses depois de eleito, provocando no público a mesma ira e desprezo dedicados, agora, a Dilma.

O país ficou com um vácuo de poder similar ao atual. Pior ainda, porque com o câmbio descontrolado. A crise arrebentou com as contas dos estados, a ponto do governador mineiro Itamar Franco dar o calote em um empréstimo internacional.

Os governadores pressionaram FHC para uma reunião palaciana que ameaçava botar mais lenha na fogueira da crise.

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No dia 9 de fevereiro de 1999 publiquei em minha coluna na Folha o artigo “O imbróglio dos Estados”( http://migre.me/rd6r7), alertando para a necessidade de bom senso e acenando com a tese do “encontro de contas” como definidora do pacto federativo. Essa tese foi levantada no início dos anos 90, propondo um encontro de contas entre Estados e os diversos fundos sociais (INSS, FGTS) visando equilibrar as contas públicas.

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FHC ficou tão perdido que seu genro David Zylbertsztajn me procurou querendo mais dados que pudessem ser apresentados na reunião com os governadores, porque o aturdimento era tal que FHC não sabia o que oferecer.

Fui a Brasília para uma conversa com o então Ministro das Comunicações Pimenta da Veiga, enquanto outros defensores da tese do encontro de contas procuravam o PFL.

No dia 10 de fevereiro, o artigo “A bola está com FHC” (http://migre.me/rd6zD), insisti na necessidade de um plano de voo. O que escrevi para ele cabe como uma luva para Dilma:

“ Ficando onde está, nessa cantilena interminável de que cortes e mais cortes, por si, irão resolver a questão da crise, será condenar toda a nação ao imobilismo”. E insistia na tese do encontro de contas.

Naquele mesmo dia, Pimenta anunciou o plano em cima das ideias que havíamos conversado.

No dia seguinte publiquei a coluna “Uma saída para o futuro” (http://migre.me/rd6Fw)reportando ao anúncio de Pimenta e prevendo que se não fosse uma mera jogada de marketing, poderia ser o primeiro ensaio para romper com a inércia.

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Houve a reunião com governadores. O tema encontro de contas serviu para baixar a fervura. Sem a pressão, porém, a ideia morreu pouco depois. E FHC continuou empurrando o país com a barriga, deixando explodir a crise do “apagão”, mantendo a economia em crise por falta de protagonismo.

Nem por isso, julgou ser questão de patriotismo renunciar e passar o bastão a outro.

Por Luís Nassif 
Do jornalggn

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