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POLITICA: A parada indigesta da CPMF




Nas últimas semanas, o país passou no teste da solidez democrática, com o esvaziamento de tentativas de impeachment.

Agora terá que passar por outro teste complicado: o de avalizar a volta da CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira).

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Ontem, a Receita dispunha de duas notícias ruins.

A primeira, sobre o desempenho fiscal: déficit primário de R$ 9,05 bilhões até julho dos quais R$ 7,223 apenas em julho. Em doze meses, o déficit real (considerando inflação medida pelo IPCA) foi de 0,77% do PIB.

Pior: as projeções para 2016 indicam um crescimento nominal da receita de 2% a 3% sobre 2015. Descontada a inflação projetada, pode significar queda real de mais de 5%.

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Esse número acendeu todas as luzes vermelhas no Palácio, a ponto da própria presidente Dilma Rousseff e seus principais ministros pilotarem telefonemas pessoais a jornalistas, economistas e provavelmente empresários e políticos, buscando apoio para a recriação da CPMF.

O anúncio será na próxima segunda-feira.

Na equipe econômica pensa-se em uma alíquota de 0,38% e nos recursos sendo partilhados com estados e municípios para garantir o financiamento da saúde.

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Será uma parada indigesta.

De um lado, por expor mais uma vez erros na condução da política econômica. Esta semana, em entrevista a jornais, Dilma Rousseff admitiu que o governo demorou tempo demais para avaliar a dimensão da crise.

Na verdade, são dois erros. Primeiro, a demora em avaliar a crise. Segundo, o erro no diagnóstico da crise contido na política de Joaquim Levy , o mesmo erro, aliás, cometido em 1995 no primeiro governo FHC.

Em ambos os períodos, a economia já vinha embicando desde o ano anterior e as autoridades econômicas não se deram conta.

Em 1995 havia a intenção de esfriar a economia para combater os desajustes externos; em 2015 a necessidade de proceder ao ajuste fiscal, mas sem derrubar mais ainda a economia.

Em ambos os casos houve clamorosos erros de diagnóstico.

Com o diagnóstico correto, em 1995 se procederia a um ajuste gradual dos juros, permitindo às empresas voltar gradativamente ao patamar anterior de capital de giro e às pessoas físicas reduzirem o endividamento. Em vez disso, houve a elevação inimaginável da taxa básica para 45% ao ano, provocando a maior quebradeira circular da história.

Em momentos de inflexão rápida da economia, o que conta é o “feeling”, a intuição, o contato com os diversos segmentos para se antecipar aos indicadores.

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Agora, cometeu-se erro similar. Sem avaliação correta sobre o ritmo de queda da atividade e seus efeitos sobre as receitas fiscais, houve essa soma inexplicável de ajuste fiscal rigoroso e política monetária agressiva, sem que houvesse um maestro para avaliar a somatória de ambas e administrar a dosagem.

De janeiro a julho, a receita líquida total do governo central despencou 3,7% em termos reais; em julho, a queda real foi de 5,7% em relação a julho passado.

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Vai se ter que passar por cima do inventário de culpas e pensar 2016 da forma conjunta: todos no mesmo barco tratando de tapar os buracos e torcer para não aparecer nenhum vento a mais pela proa.

Fonte: http://jornalggn.com.br/

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