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Entre deputados, cresce expectativa sobre possível delação de Cunha na Lava Jato

Lula Marques/AGPT

Poucos minutos após a divulgação da notícia sobre a prisão preventiva do ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), deputados da oposição comemoravam a decisão. Aliados de Cunha, por outro lado, não foram mais vistos pelos corredores da Câmara para comentar o fato. Independente do posicionamento político, um sentimento parece ser unânime: a expectativa por um eventual acordo de delação premiada do peemedebista no âmbito da Operação Lava Jato.

“Mais um passo do que é o justo ocorre. A prisão dele deve desencadear todo um conjunto de mudanças do cenário político brasileiro. Nós sabemos que o governo hoje ilegitimamente liderado por Temer é um governo marcado pela corrupção e a minha expectativa é que é um governo que não se sustentará até o final de 2018″, disse Henrique Fontana (PT-RS).

A prisão do ex-presidente da Casa já era esperada por muitos. Porém, cresce a expectativa sobre os desdobramentos da ação. “A Câmara já treme. A República provavelmente vai tremer com a delação premiada de Cunha. Tomara que ele conte tudo o que saiba, e que todo mundo que praticou corrupção responda pelos seus atos”, disse Alessandro Molon (Rede-RJ).

O deputado Paulinho da Força (SD-SP) disse que, a princípio, estava certo de que Cunha não iria fechar acordo de delação premiada. “Mas isso com o Cunha solto. Com o Cunha preso não se sabe”, ponderou o parlamentar.

O líder do DEM, Pauderney Avelino (AM) disse que, apesar de esperada, a prisão foi surpreendente. “Para mim foi uma surpresa. Por mais que nós pudéssemos avaliar que ele iria ser preso, eu acho que foi antecipada essa decisão”, disse o deputado.

“Todos nós sabíamos que o ex-deputado Eduardo Cunha poderia ser preso. Eu imaginava que o juiz Sergio Moro iria intimá-lo para prestar depoimento, mas o juiz Sergio Moro mandou prender”, acrescentou Pauderney.
Cunha no comando da Câmara, quando ainda gozava de poder político
O protagonismo de Eduardo Cunha no desencadeamento do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff não foi esquecido pelos aliados da petista. “Ele é peça central no desfecho do processo brasileiro que se encontra hoje. Ele acompanhou, participou e tem posição ativa na construção do governo Temer. A expectativa que temos é que ele diga sua participação nos fatos que levaram ao impeachment”, afirmou o líder do PCdoB, Daniel Almeida (PCdoB-BA).

“Quero aproveitar essa oportunidade para dizer que hoje é o começo do fim do governo Michel Temer. O homem que tomava os melhores vinhos do mundo, que visitava os melhores hotéis, que ia nos melhores restaurantes do mundo. Esse rapaz, esse cidadão, esse senhor vai aguentar uma prisão em Curitiba e por outro lado ficar preocupado com eventual prisão da esposa dele? É evidente que ele vai fazer delação premiada”, avaliou Silvio Costa (PTdoB-PE).

Retorno do Japão

Coincidentemente ou não, o presidente Michel Temer, que está em viagem ao Japão, antecipou seu retorno ao Brasil. O peemedebista já embarcou de volta e deve chegar a Brasília na manhã desta quinta-feira (20).

“É evidente que neste momento o telefone do Planalto está tocando ligando para as farmácias para pedir calmante. É evidente que Cunha tem um dossiê pesado. É evidente que ele conhece omodus operandi do PMDB”, acrescentou o deputado. “Esse chantagista derrubou a presidente Dilma. Mas a verdade no final sempre vence”, finalizou Silvio Costa.

“O Cunha sabe muito, sabe tudo. Ele mereceu cafuné seja do antigo governo do PT, quanto da antiga oposição, atualmente no governo. Ele é do PMDB, foi cortejado pelo PT, pelo PMDB, pelo PSDB, pelo DEM, por todas as grandes forças partidárias desse país, sabe muito, e pode e deve revelar à Justiça”, disse Chico Alencar (Psol-RJ). O Psol, juntamente com a Rede, foi responsável pela representação no Conselho de Ética que resultou na cassação do mandato do deputado.

“Por que que a gente acredita que ele vá colaborar? Primeiro que a pessoa privada da liberdade, fica menos arrogante, menos cínica, às vezes até menos mentirosa. Ele, claro, prenuncia uma condenação pesada e pode querer diminuí-la diante da delação, mas ela tem que ser integral, e isso tá botando muita gente daqui, do Executivo, do antigo governo, do atual, de cenho franzido, preocupação com a desocupação laboral que Cunha vai viver agora na cadeia”, acrescentou Chico.

Questionado sobre a cassação de seu correligionário, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), disse, ao deixar o plenário da Casa na tarde desta quarta-feira que “não estava sabendo”. Questionado pelos jornalistas, o senador permaneceu em silêncio.


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