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OPINIÃO: Quiçá fascistas – não é com ditadura militar que a corrupção será debelada

Reprodução

Associação Comercial, Industrial e Empresarial de Ponta Grossa (ACIPG) e outras 27 instituições da região dos Campos Gerais do Paraná publicaram, no jornal Diário dos Campos, em sua edição do último dia 7, uma “Carta pública de apoio ao General Mourão”. Não é a primeira vez que a ACIPG se manifesta sobre a política nacional e sempre que o faz é no sentido da defesa de privilégios e contra a democracia.


No momento, recordo que em 2014 essa mesma associação propôs suspender o direito de voto aos beneficiários dos programas de transferência de renda, como, por exemplo, o Bolsa Família. Na ocasião, a ACIPG publicou uma cartilha defendendo isto e chamou um debate com os candidatos a deputado da região. Durante o debate, propôs que os candidatos assinassem um termo de compromisso defendendo o fim do voto para os necessitados que recebiam o Bolsa Família. Quem assinasse teria o apoio dos empresários.

Creio que alguns candidatos, pensando igual a estes empresários, ou por demagogia, assinaram o compromisso.

Naquele momento, em um artigo intitulado “Não são imbecis”, lembrei que o BNDES emprestava dinheiro a juros menores do que os do mercado aos industriais, empreiteiros, etc. E o Banco do Brasil também emprestava, a juros subsidiados, aos agricultores grandes, médios e pequenos. Estes últimos, através do Pronaf. Portanto, os grandes empresários e os grandes fazendeiros são os que levavam e levam o maior bolo de recursos públicos.

"É bom lembrar que na ditadura havia corrupção e ela era varrida para debaixo do tapete"

Raciocinando pela lógica deles, os beneficiários destes empréstimos também não poderiam votar. A ACIPG volta, acompanhada de mais de vinte entidades empresarias, a público clamando contra a democracia. Pior: vem a público pedir uma ditadura militar.

Junto com tantas outras entidades empresariais, ela foi construtora do golpe contra a Dilma. Foram, portanto, construtores do caos econômico, social, institucional, politico e moral que hoje reina em nosso país. Construíram o caos e, para debelá-lo, entendem que banindo a democracia tudo se resolve. Parte do caos que ainda hoje vivemos é resultado do último período (1964-1985) ditatorial.

Na “Carta pública de apoio ao General Mourão”, afirma a ACIPG e as demais entidades empresariais que o general Mourão “declarou recentemente que uma intervenção militar pode ser adotada se o judiciário não resolver o problema político referente à corrupção”.

Escrevem eles: “Concordamos com o oficial do Exército Brasileiro que a política nacional chegou ao nível máximo de tolerância e exigimos que o Poder Judiciário cumpra com sua função de afastar da vida pública essas pessoas que estão acabando com as riquezas do país. Não podemos aceitar que negociatas políticas permitam que as mesmas pessoas continuem a levar o Brasil à ruína. Há conforto em saber que existem brasileiros como ele que ainda se preocupam com a nação e se disponibilizam a lutar pelo futuro.”

Nota-se: nada aprenderam nos últimos anos. Ou será que são autoritários mesmo? Quiçá fascistas? Na dúvida se são fascistas, vou incorrer num pleonasmo, e autoritários ou de memória curta, vou cobrá-los e rememorá-los.

As pessoas que estão levando o Brasil à ruína foram colocadas onde estão por eles (ACIPG), os golpistas, e não é com ditadura militar que a corrupção será debelada. É bom lembrar que na ditadura havia corrupção e ela era varrida para debaixo do tapete.

Além de corrupção, toda e qualquer oposição, mesmo a mais branda, não era permitida. Os opositores eram presos, torturados, banidos e assassinados. Os Poderes Legislativo e Judiciário eram manietados. Imperava a fome e a miséria e não se podia reclamar. Os que reclamavam ou denunciavam, como Josué de Castro, tiveram seus direitos cassados e foram obrigados a viver no exílio.

Se estes empresários desejam realmente que o Brasil volte à democracia, só há uma solução: é por para fora Temer et caterva e chamar eleições diretas, já.

Do mesmo autor:



Dr. Rosinha
* Médico, com especialização em Pediatria, Saúde Pública e Medicina do Trabalho, destacou-se como líder sindical antes de se eleger vereador, deputado estadual e deputado federal. Também foi presidente do Parlamento do Mercosul (Parlasul). Exerce o quarto mandato na Câmara dos Deputados, pelo PT do Paraná.

Outros textos de Dr. Rosinha.

Fonte: http://congressoemfoco.uol.com.br/

2 comentários

João Rego disse...

https://blogdasemetk.blogspot.com.br/

J. Cícero Alves disse...

Na minha opinião, é sempre motivo de preocupação toda vez que um militar de alta patente do exército brasileiro fala em "intervenção militar".

A última vez que isso aconteceu, o resultado foi drástico para a nação brasileira. Com a subida ao Poder dos Militares em 1964, por meio de um Golpe de Estado, teve início a mais brutal de todas as ditaduras impostas na América Latina, que se estenderia por 21 anos, resultando em milhares de pessoas desaparecidas, torturadas, assassinadas, executadas sumariamente, entre elas, estudantes, operários, camponeses, intelectuais, artistas, etc.

Foi um período de trevas para o país, com aumento substancial das desigualdades sociais, violenta repressão contra movimentos sociais que lutavam pela democracia, aumento expressivo da dívida externa e corrupção velada, entre outras consequências promovidas pelo regime militar.

Prefiro a morte, do que ver novamente o meu país sob a direção de um governo militar despótico. É utopia imaginar que uma intervenção militar neste momento possa restabelecer a democracia abalada pela instabilidade política; chega a ser ingênuo pensar assim!!! A democracia só se realiza de forma plena quando o povo está no comando. Governos militares resultam sempre em ditaduras, muitas delas sanguinárias.

A história está repleta de tiranos... Muammar Kadhafi (Líbia), Idi Amin (Uganda), Slobodan Milosevic (Sérvia), Parvez Musharraf (Paquistão), Ben Ali (Tunísia), Mubarak (Egito), Hitler (Alemanha), Pinochet (Chile), Costa e Silva (Brasil), Garrastazu Médici (Brasil), entre tantos outros. A terra está impregnada de sangue de inocentes derramado por ordem desses crápulas.

Se atualmente, vivemos dias difíceis, com uma intervenção militar então viveremos dias ainda mais difíceis e sombrios, marcados que poderão ser por intenso derramamento de sangue de inocentes, como costuma ocorrer sempre que a democracia é abatida pela tirania sanguinária de regimes totalitários sob o comando de déspotas castrenses.

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