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Diminuir obesidade e sobrepeso pode evitar 15 mil casos de câncer no Brasil

Estudo feito por pesquisadores brasileiros com a colaboração de norte-americanos mostra que incidência de tumores malignos relacionados ao excesso de peso devem aumentar até 2025, chegando a 29 mil casos
Pixabay
Obesidade e sobrepeso estão relacionados a 14 tipos de câncer, de acordo com a Organização Mundial da Saúde

Um novo estudo revela que, no Brasil, pelo menos 15 mil casos de câncer poderiam ser evitados com a diminuição da obesidade e sobrepeso. Isso significaria 3,8% do total de diagnósticos da doença revelados anualmente.



De acordo com um estudo epidemiológico feito pelo Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), com ajuda da Universidade de Harvard (Estados Unidos), até 2025 esse número pode aumentar, já que a tendência é de que novos casos de câncer relacionados à obesidade e excesso de peso cheguem a 29 mil a cada ano.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) afirma que pelo menos 14 tipos de câncer associam essas condições com um maior risco de desenvolver tumores malignos. Alguns exemplos são o câncer de mama (pós-menopausa), cólon, reto, útero, vesícula biliar, rim, fígado, mieloma múltiplo, esôfago, ovário, pâncreas, próstata, estômago e tireoide.

“O problema principal é que vem ocorrendo um aumento nas prevalências de excesso de peso e obesidade no Brasil e, com isso, os casos de câncer atribuíveis a essas duas condições também devem crescer. Fora isso, espera-se que haja um aumento nos casos de câncer como um todo, pois a população do país vai aumentar e envelhecer”, avalia o doutorando na FMUSP, Leandro Rezende, um dos autores do artigo sobre o assunto, publicado na revista Cancer Epidemiology .

Para o pesquisador, o aumento do poder econômico nos últimos anos fez com que a população aumentasse também o consumo. No entanto, em termos de alimentação, o fenômeno ficou atrelado principalmente aos alimentos ultraprocessados.

“O estudo mostra essa fase de transição nutricional epidemiológica. São justamente esses alimentos altamente calóricos, com quantidade elevada de açúcar, sal e gordura, que também são os produtos mais baratos”, afirma.


Pesquisa

O método adotado para realizar a pesquisa foi o cálculo da fração atribuível populacional (FAP) do câncer relacionado ao índice de massa corporal (IMC) elevado. A FAP é uma métrica para estimar a proporção da doença possível de prevenir na população caso o fator de risco (nesse caso o sobrepeso e a obesidade) fosse eliminado, mantendo os demais fatores/causas estáveis.

Para estimar o excesso de peso e a obesidade na população brasileira, os pesquisadores usaram dados sobre IMC no Brasil em 2002 e 2013 da Pesquisa de Orçamentos Familiares e da Pesquisa Nacional de Saúde, ambas conduzidas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

De acordo com os dados do IBGE, 40% da população tinha sobrepeso ou obesidade em 2002. Em 2013, o total subiu para aproximadamente 60%. Levando em conta IMC, magnitude do risco relativo, casos da doença e período de latência, os pesquisadores estimaram que, em 2012, cerca de 10 mil casos de câncer em mulheres e 5 mil casos em homens eram atribuíveis ao excesso de peso e obesidade aferidos dez anos antes.

Os dados sobre a incidência de câncer foram obtidos do Instituto Nacional de Câncer (Inca) e da base Globocan da Agência Internacional de Pesquisa em Câncer, da OMS.

De modo a quantificar a dimensão da contribuição do sobrepeso e da obesidade na incidência de câncer no Brasil, os autores do estudo estimaram FAPs da doença em 2012 (com dados existentes) e em 2025 (por meio de projeção) atribuídas a IMC elevado. As frações foram calculadas de acordo com sexo, idade, área geográfica e tipo de câncer.

Na avaliação do professor titular da FMUSP e orientador do estudo, José Eluf Neto, o interessante é poder mensurar o impacto da relação de câncer e obesidade para a saúde pública e, com base nisso, planejar ações e investimentos.

“Hoje, se sabe que há uma razão biológica para haver essa relação, com mecanismos moleculares ou metabólicos bem descritos. É o caso da insulina. A obesidade causa resistência à insulina gerando inflamações e o aumento da proliferação celular”, esclarece Eluf Neto.


*Com informações da Agência Brasil

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