Com seca, Rio Acre atinge menos de 2 metros de profundidade
O Rio Acre, que abrange área onde está concentrada a maior
parte da população do estado do Acre, atingiu hoje (13) nível abaixo dos
2 metros. A profundidade constatada pela Secretaria de Meio Ambiente do
Acre aumenta o alerta em cidades que já estavam ameaçadas, como Xapuri e
Brasileia.
Na semana passada, o governador do Acre, Tião Viana, decretou situação
de emergência nos municípios abrangidos pelo rio em função da redução
do nível das águas e da estiagem prolongada na região.
A estiagem vem afetando o estado há mais de um mês. Na tarde de hoje,
foram registradas chuvas fracas na capital Rio Branco e em alguns
municípios do interior. “Estamos preocupado porque estávamos sem chuvas
há 15 dias. A chuva dos últimos cinco dias foi muito fraca. Há mais de
um mês não temos chuva suficiente para reverter o cenário”, disse Carlos
Edegard de Deus, secretário de Meio Ambiente do estado.
Durante a inundação do rio, em fevereiro, as águas chegaram a quase 17
metros de profundidade. O cenário atual de 1,96 metros sinaliza uma
baixa média de 2 centímetros por dia. “Neste ritmo vai chegar a 1,5
metro, que foi a menor cota dos últimos 40 anos, atingida no ano
passado”, disse o secretário.
Para contornar os problemas, como falta de abastecimento de água, o
governo do Acre garantiu que está providenciando bombas que serão
colocadas dentro do rio para puxar a pouca água que resta e alimentar as
estações de tratamento.
Com previsão de chuva na região apenas para outubro, o cenário de
estiagem é ainda mais agravado pelas queimadas. Este ano, o governo do
Acre proibiu totalmente as queimadas, que começaram a ser restringidas
em 2009. A medida não impediu os focos de incêndio e houve aumento do
número de ocorrências em relação ao ano passado. Nos primeiros dez dias
de agosto, foram registrados quase 300 focos no estado. No mesmo período
de 2011, foram identificadas 50 queimadas.
“Os trabalhadores familiares não tem condições de limpar pasto sem
fazer queimada”, disse o secretário. A alternativa para esses
agricultores seria a mecanização ou a técnica de roçada sustentável, que
consiste no plantio de leguminosas que enriquecem o solo e exige a
queimada apenas no primeiro ano.
O governo estadual lançou, há dois anos, um programa para estimular a
adesão dos agricultores. Mas, segundo o secretário de Meio Ambiente, 90%
dos trabalhadores ainda não aderiram. “ É preocupante, porque, embora
esteja proibido, eles [agricultores] estão fazendo [queimadas]. Os
agricultores estão antecipando as queimadas [para o preparo de áreas de
pastagem]”, disse Edegard. Segundo ele, tradicionalmente no estado, as
queimadas na zona rural eram feitas entre 20 de agosto e a primeira
semana de setembro, quando começam as chuvas.
A região central do estado é a mais preocupante. O município de
Tarauacá, por exemplo, registrou 22 focos de incêndio nas últimas 48
horas, segundo imagens captadas pelo satélite do Instituto Nacional de
Pesquisas Espaciais (Inpe). No mesmo período, as cidades de Feijó e
Cruzeiro do Sul registraram cinco focos de incêndio cada.
Além desta região, o Acre tem ainda registro de focos de incêndio em
quatro das 49 áreas protegidas no estado. “[Os focos de incêndios
acontecem] porque tem gente morando nestas áreas. Na reserva
extrativista Chico Mendes, são 1,8 mil famílias morando em 1 milhão de
hectares. No Alto Juruá, são 1,5 mil famílias”, disse Edegard.
A ação do homem é apontada como a principal causa das queimadas nesta
época do ano, quando algumas regiões do país sofrem com a falta de
chuva, baixa umidade e temperaturas elevadas.
Fonte: http://agenciabrasil.ebc.com.br
Nenhum comentário
Postar um comentário