ELEIÇÕES 2012: Opinião do Professor Accioly sobre eleições em Tarauacá
Professor Raimundo Accioly - Imagem http://radiocomunitarianovaera.blogspot.com.br
Tarauacá é um município com uma população de 35 mil habitantes, em que grande parte ainda reside na zona rural.
Distante há cerca de 400
km de Rio Branco, seu povo sobrevive de atividades na agricultura,
pecuária, extrativismo, comércio, pequenas empresas de serviços em
diversas áreas, renda proveniente de programas do governo federal,
aposentadorias e empregos no serviço público municipal, estadual e
federal. Depois do serviço público, o comércio é quem mais gera emprego
em nossa cidade.
Também é visível a
acumulação da riqueza produzida com o suor e o esforço dos tarauacaenses
em mãos de poucos detentores dos meios de produção local. É possível
contar os ricos da cidade nos dedos de apenas uma mão. É assim em todo o
país. Vivemos no capitalismo.
Nos últimos dez anos,
percebe-se a grande ascensão da classe média, constituída especialmente
de servidores públicos que passaram a ser mais valorizados e receberem
melhores salários, especialmente, a classe da educação. Essa nova classe
média tornou-se consumidora de bens de consumo que há alguns anos atrás
eram praticamente inimagináveis. Automóveis, computadores, TV por
assinatura, moradias em melhores condições, vestimenta, móveis e
outros.
A iniciativa privada se
moderniza a cada dia, com investimentos em pequenos e grandes negócios,
graças aos financiamentos através de programas de governos em que os
bancos oferecem para pessoas físicas e jurídicas, com facilidade de
pagamento, prazo longo e juros baixos.
Tarauacá conheceu nesses últimos anos o que podemos chamar de “Boom da Construção Civil”.
Em cada espaço dessa cidade se encontra uma obra, seja uma nova
residência ou o prédio de uma empresa. Falta até mão de obra qualificada
atualmente. O outro lado da moeda é o grande endividamento da
população.
Os serviços públicos considerados essenciais como Educação, Saúde, Segurança, Transporte, Moradia Social, Coleta de Lixo, Tratamento de Resíduos Sólidos, Rede de Água, Limpeza pública, Ruas Asfaltadas, apesar de algumas melhoras, ainda não funcionam com a capacidade e a qualidade que a população precisa.
É evidente que a gestão
municipal não entendeu ainda esse momento e podemos dizer que passamos
por uma grande crise na administração pública de Tarauacá e, não é de
agora.
Não quero aqui atribuir a
culpa dessa situação a quem quer que seja. Vejo que nos últimos 20 anos
nas administrações do município de Tarauacá, assim como outros no Acre,
impera o clientelismo, o compadrio, a utilização indevida de recursos
públicos, a falta de planos de governos claros, licitações públicas
direcionadas, desprezo pela população e os interesses individuais sendo
priorizados em detrimento dos interesses coletivos. A corrupção impera no poder. Não há política de poder executivo. Há política de poder partidário.
Em 2013, nossa cidade
vai completar seu centenário e vamos ter que comemorar de alguma forma.
Esperamos que a festa seja de todos nós.
Tarauacá se prepara para 2013
Nesse cenário, nossa
população se prepara para escolher os novos governantes do município e
também os novos vereadores. O que esperar dos novos governantes? O que
esperar dos novos vereadores?
Os dois candidatos atuais, a advogada Marilete Vitorino e o médico Doutor Rodrigo Damasceno disputam esse desafio de governar e gerenciar o dinheiro, a vida e os destinos dos mais de 35 mil habitantes de nossa cidade.
Esperamos deles, seja lá
quem se eleger no dia 7 de outubro, primeiramente, cito como exemplo a
escolha de uma boa equipe de trabalho composta de pessoas com capacidade
de gestão, com comprometimento político, capacidade técnica,
sensibilidade social e sem o desejo de ficar rico com o dinheiro
público. Já seria, em minha opinião, um bom começo.
Entendo que o tempo de
compor equipe de governo somente com amigos, parentes e os famosos cabos
eleitorais, deve ser esquecido. Se não for assim, a prefeitura torna-se
um centro de pessoas incapazes, que só recebem os salários e não
produzem o mínimo necessário que os serviços públicos necessitam. Isso é possível? Se os eleitos quiseram é sim. Citei apenas um exemplo para ilustrar o que penso.
Quanto aos Vereadores, entendo que esses devem ser os principais parceiros da população.
O vereador é o político brasileiro que vive mais perto do povo. E, numa
cidade pequena como a nossa, essa aproximação é ainda maior.
O vereador deve cumprir
suas obrigações legislativas com proposições e fiscalização do dinheiro
público. Porém, em minha modesta opinião, o mandato de um vereador deve
ser transformado num grande instrumento de luta e defesa de toda a
população. Para
isso é preciso que a pessoa que se eleja ou que propõe se eleger tenha
convicção disso. É muito comum a população votar num vereador por razões
diversas sem perceber qual deles ou delas poderá ser seu parceiro de
verdade.
Historicamente em
Tarauacá, o que se tem percebido por parte de uma maioria significativa
de vereadores eleitos é exatamente o contrário. Muitos usam o mandato
para outros fins, inclusive pessoais. O salário do vereador pode até ser
dele, mas o mandato não. O mandato deve obrigatoriamente ser exercido
em favor da população do município. Isso é possível? Em minha opinião
sim.
A grande maioria das
pessoas que se candidatam a um cargo eletivo e é eleita, sonha em seguir
carreira política. A construção de uma boa carreira política depende da
concepção que se tem do mundo, do trato com o dinheiro público e da
relação com o poder e com as pessoas.
Tarauacá precisa e exige
o surgimento de novas lideranças com mandatos políticos entre gestores e
parlamentares. Temos ótimos candidatos a vereadores e vereadoras de
todas as coligações. O difícil é a eleição desses. É possível conhecer a
pessoa em quem você vai votar? Digo que sim. A cidade é pequena e
quase todos se conhecem.
Na eleição de vereador
impera muito ainda o compadrio, o voto como pagamento de favor, a
corrupção eleitoral (compra de votos ou como diz a lei: CAPTAÇÃO ILÍCITA
DE SUFRÁGIL) e o desinteresse natural do povo pela atividade
parlamentar devido às constantes legislaturas improdutíveis dos últimos
tempos.
Boa sorte aos bons candidatos e candidatas.
Escrito por Raimundo Accioly
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