Senado aprova MP do Código Florestal
Entre as alterações inseridas no projeto pela comissão especial, as
principais são referentes às áreas de preservação permanentes (APPs) em
margens de rios e de nascentes. Os parlamentares da comissão modificaram
a chamada “escadinha” proposta pelo governo federal, que estabelecia
quanto das margens de rios desmatadas deveriam ser replantadas de acordo
com o tamanho da propriedade.
Por serem maioria, os parlamentares da bancada ruralista conseguiram
estabelecer no projeto que, nas propriedades de 4 a 15 módulos fiscais
deverão ser recompostos 15 metros de mata nas margens dos rios com até
10 metros de largura. Quem tiver propriedades maiores que isso,
independente do tamanho do curso d’água, deverá recompor de 20 metros a
100 metros, a ser definido pelas autoridades estaduais.
Já os parlamentares ambientalistas se deram por satisfeitos ao
conseguirem impor no texto que as nascentes e olhos d’água deverão ter
APPs ao seu redor de, no mínimo, 15 metros, a serem recompostos em caso
de desmatamento pelos donos das propriedades. Além disso, o projeto
também prevê a manutenção de 50 metros de APPs no entorno das veredas e
áreas encharcadas.
Para que a recomposição seja feita, será criado um Programa de
Regularização Ambiental (PRA) que regulamentará a permissão para que os
produtores possam converter as multas ambientais em investimentos no
reflorestamento de suas reservas legais e APPs.
A Medida Provisória do Código Florestal foi editada pela presidenta
Dilma Rousseff para suprir as lacunas deixadas pelos vetos feitos por
ela à lei que reformou o código. Durante as negociações sobre a MP na
comissão especial, o governo chegou a divulgar nota na qual declarou não
ter participado do acordo que resultou no texto aprovado hoje e que,
portanto, não tinha qualquer compromisso com ele. A declaração gerou
tensão entre os parlamentares ruralistas, que ficaram com receio de que a
presidenta faça novos vetos ao projeto aprovado pelo Congresso.
“O entendimento que foi construído aqui leva em conta a realidade das
bacias hidrográficas. O texto que sai daqui resolve o passivo ambiental
brasileiro”, declarou o senador que atuou como relator do projeto do
código anteriormente e foi um dos negociadores do atual projeto.
O projeto de lei de conversão segue agora para sanção presidencial, uma
vez que não sofreu alterações e não precisará retornar para nova
análise da Câmara dos Deputados.
Mariana Jungmann
Repórter da Agência Brasil
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