TARAUACÁ: MPE é acusado de omissão em processo que apura crime bárbaro no município.
Gleison
Daniel com a filha, Nathalia, estuprada e morta dentro da casa da mãe;
processo está parado há cinco meses (Foto: Reprodução/Álbum de família)
Cinco meses depois de
uma criança de um ano e seis meses ter sido abusada sexualmente e
assassinada por asfixia, o Ministério Público do Estado do Acre em
Tarauacá (município a 428 quilômetros de Rio Branco) ainda não emitiu
seu posicionamento sobre o caso e, por conta disso, o processo está
emperrado na promotoria local. O acusado é um menor de 17 anos, tio da
criança.
A denúncia do pai da
vítima, o professor da rede pública Gleison Lima Daniel, revela que por
duas vezes o delegado Robert Alencar, da Delegacia Itinerante da Polícia
Civil do Estado do Acre, pediu a internação do adolescente -- o
principal suspeito --, mas as promotoras Eliane Misae Kinoshita e Nicole
Gonzales Colombo Arnoldi que então serviam na Promotoria do MPE de
Tarauacá negaram os pedidos na época do crime.
“Elas alegaram que
faltava a polícia investigar mais, mesmo o delegado tendo obtido todo o
material completo, com laudos, depoimentos e acareações suficientes para
pedir, pelo menos, a internação provisória do acusado”, explica Gleison
Daniel, que procurou a TV Gazeta e o Site AGazeta.net para denunciar o
que ele classificou de descaso.
No dia 29 de agosto do
ano passado, a garotinha Nathalia Lis Rocha Daniel (na foto acima) foi
encontrada morta dentro de um balde com água, na casa da mãe dela (o pai
é divorciado), no bairro da Praia. Na ocasião, o médico legista de
Tarauacá se recusou a assinar laudo cadavérico, porque não encontrou
água nos pulmões da pequena Nathalia.
Levada para Cruzeiro do
Sul (cidade a 640 quilômetros da Capital), peritos locais constataram
que a criança foi estuprada e asfixiada mecanicamente. No laudo, há
registro de “sufocação direta mediante obstrução da boca e das fossas
nasais, com ato libidinoso e subjugação de incapaz”.
De acordo com o
inquérito policial, concluído em tempo hábil pelo delegado Robert
Alencar, as acusações recaíram sobre o tio da criança, o menor de 17
anos já mencionado, além da babá da menina, Francisca Morais, 19 anos.
Ela chegou a ficar presa por 90 dias, mas sua conduta, se houve alguma,
teria sido de não manter vigilância à criança.
As evidências
conclusivas do processo, no entanto, apontam para o adolescente, que sob
efeito de entorpecentes, teria violentado a garota, depois a asfixiado e
então lançado o corpo dela num balde com água para simular um
afogamento.
Ainda segundo Gleison
Daniel, a polícia apurou que o menor, agora desaparecido da cidade e
provavelmente morando em Rio Branco, usava entorpecentes no dia em que o
crime aconteceu.
Conforme o pai da
vítima, o menor teria dito à polícia que “estava sob efeito de drogas,
que se lembra de ter entrado na casa, mas de não ter cometido o crime”.
Na residência, além da babá, havia ainda outras duas crianças de dois
anos.
Separado da esposa, Daniel já tinha protocolado na Justiça pedido da guarda da criança como forma de assegurar sua integridade.
“Infelizmente, o crime
ocorreu antes que eu obtivesse essa medida. Agora que já se passou todo
esse tempo, quero saber o que está havendo que o MPE não toma nenhuma
providência, não dá nenhum posicionamento sobre o caso da minha filha”,
vocifera o professor.
Novo promotor diz que “caso está em apuração” - O
promotor Luiz Henrique Correa Rolim, atual promotor do Ministério
Público do Estado do Acre em Tarauacá afirmou à reportagem que “ainda
não analisou o processo”.
Por telefone, afirmou
que todo o procedimento foi feito pelas promotoras Eliane Kinoshita e
Nicole Arnoldi, e demanda uma análise melhor por parte dele agora.
“É uma manifestação
dupla: uma delas é o inquérito policial (contra a babá) e outro um ato
infracional contra um menor”, explica.
“Eu recebi o pai da
criança aqui e pedi-lhe um prazo para analisar o processo, pois estou
aqui há apenas 15 dias. Hoje respondo pelas promotorias criminais,
cíveis, eleitorais e ainda pela promotoria (do município) de Feijó. Tive
um contato com o processo, mas não profundo, mas vou fazer isso”,
pontuou Luiz Henrique Rolim.
Fonte: agazeta.net
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