MP encontra mais de R$ 6 milhões em endereços de ex-secretário de Saúde do Rio. Preso nesta sexta-feira (10), Edmar Santos seria líder de esquema de corrupção durante a pandemia
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MP do Rio encontrou mais de R$ 6 milhões em dinheiro em endereços de Edmar Santos, ex-secretário de Saúde do Rio
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Ao efetuar a prisão do ex-secretário de Saúde do Rio de Janeiro, Edmar Santos , os promotores do Ministério Público do Rio apreenderam na manhã desta sexta-feira (10) um total de mais de R$ 6 milhões em dinheiro nos endereços relacionados a ele que também foram alvo de busca e apreensão. O ex-secretário de Saúde do Rio foi preso em sua casa, em Botafogo, na Zona Sul do Rio.
O mandado de prisão foi cumprido pelo Grupo de Atuação Especializada no Combate à Corrupção (Gaecc), com apoio da Coordenadoria de Segurança e Inteligência (CSI/MPRJ) e da Delegacia Fazendária da Polícia Civil, em um desdobramento da Operação Mercadores do Caos.
A Justiça determinou também o arresto de bens e valores de Edmar Santos até o valor de R$ 36.922.920, que, de acordo com o MP, é equivalente aos recursos públicos do estado desviados em três contratos fraudados para aquisição dos equipamentos médicos durante a pandemia do novo coronavírus (Sars-Cov-2).
Em nota, o Ministério Público do Rio de Janeiro informou que o Grupo de Atuação Especializada no Combate à Corrupção (GAECC/MPRJ) cumpriu mandados de busca e apreensão em dois endereços do ex-secretário estadual de Saúde Edmar Santos, um em Itaipava e outro em Botafogo, onde ele foi preso. Os valores arrecadados em um dos endereços de Edmar Santos foi de pouco mais de R$ 5 mil reais."Em outra vertente da investigação, um dos investigados indicou ao MPRJ a localização de vultosa quantia em dinheiro, que foi apreendida e está sendo contabilizada para ser posteriormente depositada em conta judicial. Como ainda existem diligências em andamento, não será possível prestar maiores informações", diz a nota.
Líder de esquema, diz MP
A prisão do ex-secretário de Saúde do Rio , na manhã desta sexta-feira, é mais um desdobramento da Operação Mercados do Caos, deflagrada em maio pelo Ministério Público, após as denúncias de fraudes envolvendo contratos para construção de hospitais de campanha e compra de respiradores . Nas investigações do Ministério Público do Rio (MPRJ), o ex-secretario estadual aparece como um dos líderes do esquema de desvio de recursos na pasta, mas sempre alegou desconhecer a existência da prática.
Mesmo após a prisão preventiva de membros da organização da qual fazia parte, o ex-secretário continuou no cargo de secretário por algumas semanas, até ser exonerado pelo governador Wilson Witzel , em maio. Além dele, o outro líder do esquema era o ex-subsecretário executivo Gabriell Neves, que já está preso.
O "01" da Saúde no Rio de Janeiro
O ex-secretário de Saúde, de 51 anos, passou, há dois meses, do posto de 01 no combate à pandemia do novo coronavírus do estado às páginas policiais, acusado de envolvimento em desvios de recursos públicos. Afastado da pasta do governo Wilson Witzel em 17 de maio, o médico foi proibido pela Justiça de assumir outro cargo no primeiro escalão.
Em 25 de junho, segundo a PM, Edmar Santos foi disponibilizado para a Universidade Estadual do Rio (Uerj) para exercer função no Hospital Universitário Pedro Ernesto para o período de dois anos. No entanto, a transferência ainda não aconteceu. O ex-secretário já atua na instituição como professor associado.
Edmar Santos assumiu o cargo de secretário estadual de Saúde desde o início da gestão de Wilson Witzel, em janeiro de 2019. Ele teve que deixar a direção-geral do Hospital Universitário Pedro Ernesto, em Vila Isabel, em dezembro de 2018. Permaneceu na pasta por um ano e cinco meses, sendo exonerado após as crescentes investigações sobre fraudes e superfaturamento em licitações para a compra de equipamentos para enfrentar o novo coronavírus .
Médico anestesista, Santos contou das dificuldades no enfrentamento à doença em entrevista exclusiva ao GLOBO . Na época, o número de infectados no estado ainda era inferior a 2 mil. Ele chegou a comparar o momento com uma guerra - até mesmo as lições passíveis de serem aprendidas - e afirmou estudar o vírus desde janeiro, com o aparecimento dos casos na China.
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