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Ao vivo: Nise Yamaguchi depõe à CPI da Covid

Senadores Randolfe Rodrigues,Omar Aziz e Renan Calheiros durante sessão de abertura da CPI da Covid
Edilson Rodrigues/Agência Senado

CPI da Covid ouve nesta terça-feira (1º) a oncologista Nise Yamaguchi. Ela depõe na condição de convidada, não de testemunha, como os demais que prestaram depoimento aos senadores desde a instalação da comissão. A médica é defensora do chamado "tratamento precoce", com remédios comprovadamente ineficazes contra a covid, e chegou a ser cotada para comandar o Ministério da Saúde.

Acompanhe ao vivo:

A oncologista foi citada pelo diretor da Anvisa, Antônio Barra Torres, no depoimento à CPI. Na ocasião, Barra Torres confirmou a informação anteriormente dada pelo ex-ministro Luiz Henrique Mandetta de que a médica estava na reunião, junto ao presidente Jair Bolsonaro, em que foi apresentado o esboço de uma possível minuta para mudança da bula da cloroquina.

Senadores que se opõem ao governo e que integram a CPI esperam que Yamaguchi forneça elementos capazes de comprovar a existência de um gabinete de aconselhamento paralelo, indicando de que forma e com quais atores ele funcionava.

Logo no início da sessão, antes da médica iniciar seu depoimento, os senadores Humberto Costa (PT-PE) Otto Alencar (PSD-BA) criticaram a decisão da Conmebol de realizar a Copa América no Brasil. Costa, assim como outros parlamentares, ingressou com ação no Supremo Tribunal Federal (STF) para impedir o torneio. “Como vamos realizar um ato de circo no momento em que falta pão para nossa população?“, questionou o petista.

Entre os governistas, Eduardo Girão (PODE-CE) disse que o país "não pode proibir" a realização da Copa América em território brasileiro.

"É momento de tristeza sim o que vivemos no país, mas [se cancelarmos o evento] vamos tirar a única alegria que deixa as pessoas em casa, porque o cara que vai assistir o jogo de futebol, vai assistir com a família, em casa. É algo que devemos celebrar, a vinda de uma Copa América, que não é qualquer torneio", alegou Girão.

Tratamento precoce e isolamento vertical 

Logo em seu discurso inicial, Yamaguchi defendeu o uso da cloroquina, da ivermectina e de outros medicamentos que não possuem comprovação científica, se respaldando na resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM) que defende a autonomia médica para a prescrição do tratamento. Ao longo do depoimento, ela também disse que considera que o atraso no início do tratamento contra a Covid "é o que tem determinado tantas mortes" no país.

O relator Renan Calheiros foi o primeiro a questionar a médica. Para isso, foram transmitidos à CPI dois vídeos diferentes, de outubro e julho de 2020, nos quais a médica defendeu o isolamento vertical como forma de adquirir a "imunidade de rebanho".

Calheiros perguntou se Yamaguchi ainda defende e acredita nesse tipo de imunidade contra a covid-19. Nise argumentou que a imunidade de rebanho seria "um fato" que acontece a partir do "contato com o vírus", e que, na época em que defendeu esse tipo de imunidade, a discussão era "pertinente" porque o país ainda não conhecia novas cepas da doença, mas que, hoje, novos algoritmos devem ser considerados.

Questionada se defendeu esse posicionamento ao presidente Bolsonaro, ela respondeu que não participou dessa discussão, e que sequer teve encontros privados com ele. Alegou que suas conversas foram somente com técnicos do Ministério da Saúde, nas quais foram discutidas as dosagens de cloroquina.  Disse ainda que não foi convidada para integrar o Ministério da Saúde e que houve apenas convites para participar de "reuniões eventuais".

Ela também afirmou desconhecer "gabinetes paralelos" ou qualquer pessoa que tenha participado de um suposto grupo como este, e reafirmou que sempre foi convidada pelo governo exclusivamente como especialista, para contribuir e opinar se guiando por "normas técnicas".

Sobre as acusações de teria sugerido a alteração da bula da cloroquina, a médica disse que não se tratava de uma mudança de bula, e sim da possibilidade de disponibilização do medicamento. "Acho que houve um equívoco [de informação]. Não houve nenhuma declaração de mudança de bula", disse.

Em seguida, foi distribuído aos senadores um documento que, segundo ela, mostra o que foi discutido na reunião com Barra Torres e Mandetta. Mesmo assim, o presidente da CPI sugeriu realizar uma acareação entre ela e o chefe da Anvisa.

Importância da vacinação

O relator Renan Calheiros ainda exibiu um vídeo no qual Nise diz “que não se devia vacinar aleatoriamente a população”, e questionou se ela acredita que a vacinação é tão importante quanto o tratamento precoce.

“São semelhantes. Vacina é prevenção, e tratamento é tratamento. Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa”, respondeu a médica. De acordo com ela, o tratamento precoce ocorre nos primeiros dias de infecção, enquanto a vacina trata-se de uma “prevenção”. “Existe a medicina da prevenção e a do tratamento”, acrescentou.

O presidente da CPI, Omar Aziz, reagiu à declaração da médica: 

Ela se negou também a opinar sobre falas do presidente  Jair Bolsonaro contra a vacinação da população, mostradas em vídeos pelo relator da CPI, e disse que nunca conversou com Bolsonaro sobre vacinas. “Não estou aqui para defender um governo, estou aqui para defender o povo brasileiros”, declarou.

Na CPI, Nise também tentou se desassociar do chefe do ExecutivoAo ser questionada, por exemplo, sobre quantos encontros teve com Bolsonaro, a médica se contradisse várias vezes.

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Fonte:  https://congressoemfoco.uol.com.br/

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