Energia elétrica vai ficar mais cara em junho
A Tribuna - PREÇOS – Motivo é a chegada da estiagem, que provoca a redução do nível dos reservatórios
Diante do nível crítico nos reservatórios das usinas hidrelétricas, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) decidiu, na sexta-feira, 28, acionar o patamar mais alto do sistema de bandeiras tarifárias em junho. Com a bandeira vermelha patamar 2, a conta de luz dos consumidores ficará ainda mais cara a partir do próximo mês, com a cobrança adicional de R$ 6,243 a cada 100 quilowatts-hora (kWh) consumidos.
Segundo a agência reguladora, o mês de junho começa com os principais reservatórios do setor elétrico em níveis mais baixos para essa época do ano, o que representa uma redução na geração de usinas hidrelétricas e necessidade de acionar mais usinas térmicas, que geram energia mais cara.
A última vez que a agência reguladora acionou o patamar mais alto da bandeira tarifária foi em dezembro, após meses sem a cobrança adicional por conta da pandemia. Em maio também foi acionada a bandeira vermelha, mas no patamar 1, cuja cobrança é de R$ 4,169 a cada 100 kWh consumidos. Nos meses anteriores, de janeiro a abril, vigorou bandeira amarela, com taxa adicional de R$ 1,343 a cada 100 kWh.
O sistema de bandeiras tarifárias foi criado em 2015 para sinalizar ao consumidor o custo da geração de energia elétrica no País. Na prática, as cores e modalidades – verde, amarela ou vermelha- indicam se haverá ou não cobrança extra nas contas de luz.
A bandeira verde, quando não há cobrança adicional, significa que o custo para produzir energia está baixo. O acionamento das bandeiras amarela e vermelha representa um aumento no custo da geração e a necessidade de acionamento de térmicas, o que está ligado principalmente ao volume dos reservatórios e das chuvas.
Considerando que o País está entrando no período seco com nível crítico nos reservatórios, é baixa a expectativa de que a situação se resolva nos próximos meses. A perspectiva entre os agentes do setor elétrico é que a agência mantenha o patamar mais alto da bandeira até o final do ano, o que pressiona o bolso dos consumidores e a inflação.
Além disso, está em discussão da agência reguladora novos valores para as bandeiras tarifárias. Pela proposta apresentada em março, as taxas cobradas na bandeira vermelha irão aumentar. No patamar 1, a taxa adicional pode subir de R$ 4,169 a cada 100 quilowatts-hora (kWh) consumidos para R$ 4,599 – aumento de 10%. No patamar 2, o mais caro do sistema, o reajuste pode chegar a 21%, passando de R$ 6,243 a cada 100 kWh para R$ 7,571. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Inflação – A perspectiva entre os agentes do setor elétrico é que a agência mantenha o patamar mais alto da bandeira até o final do ano, o que pressiona o bolso dos consumidores e a inflação
ONS mapeia potencial de usinas do País
Com o volume escasso de água nos principais reservatórios do País, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) decidiu fazer uma varredura em cada usina térmica instalada e em operação, para saber exatamente com o que poderá contar, a fim de afastar riscos de apagão e racionamento de energia.
Na segunda-feira, a diretoria do ONS, que é o órgão responsável por fazer a gestão diária do abastecimento elétrico nacional, distribuiu documento a 40 empresas do setor elétrico que possuem usinas térmicas movidas a gás, óleo diesel, biomassa e carvão. Na lista estão empresas como Petrobrás, Engie e Neoenergia, além das estatais do grupo Eletrobrás.
No documento, ao qual a reportagem teve acesso, o ONS pede que, até a próxima segunda-feira, cada empresa informe quais são as usinas térmicas que cada empresa possui, com detalhamento semanal ou diário de seus cronogramas de manutenção e operação previstos até dezembro de 2021.
“Considerando o final do período chuvoso nas principais bacias integrantes do SIN (Sistema Interligado Nacional) e os baixos níveis de armazenamento alcançados nos principais reservatórios de regularização, torna-se imprescindível a maximização da disponibilidade de geração térmica para garantir o atendimento eletroenergético”, escreveu a diretoria do ONS, no documento enviado às empresas.
No último período chuvoso, iniciado no fim de novembro e encerrado em abril, faltou cair água nas cabeceiras de rios do País. Se há ocorrência de água abundante nessas áreas, todo o sistema hidrelétrico passa a ser irrigado. Quando as chuvas não ocorrem, porém, as usinas rio abaixo ficam prejudicadas.
No documento enviado às empresas, o ONS alerta que, considerando o potencial de geração de energia hidrelétrica acumulado entre setembro de 2020 e maio deste ano, esta “configurouse como a pior condição hidrológica” de todo o histórico de vazões em 91 anos de medição (desde 1931).
SEGURANÇA
A necessidade de o País recorrer às térmicas para garantir o abastecimento elétrico deve-se à possibilidade de assegurar um volume específico de geração, diferentemente do que acontece com as demais fontes do País.
Usinas hidrelétricas, eólicas e solares dependem, fundamentalmente, de condições naturais. Se não há água, vento e luz solar, não existe geração. Acrescenta-se a isso o fato de que a energia deve ser consumida no momento em que é gerada, ou seja, não pode ser armazenada para ser usada em outro momento. Com as térmicas, porém, é possível gerenciar o volume e o tempo de produção. O preço dessa energia, no entanto, é bem mais alto – além de as usinas serem mais poluentes.
O Brasil conta hoje com 3.180 térmicas em operação, que respondem por 25% de toda a potência instalada de geração de energia do País.
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