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Fumaça das queimadas eleva poluição do ar a níveis preocupantes no Acre

Estado ultrapassa 2 mil focos de calor em 2021 e falta de chuvas coloca florestas em risco

Agosto e setembro são, anualmente, os meses em que ocorrem os picos de focos de queimadas em todo o Brasil. No Acre, a situação se agrava desde o início deste mês e os dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) mostram que de 1º de janeiro até esta terça-feira, 17 de agosto, o estado teve 30% mais queimadas que no mesmo período do ano passado.

Além dos já conhecidos danos causados ao meio ambiente e ao clima, as queimadas recorrentes afetam diretamente a saúde da população rural e urbana, contribuindo para níveis de poluição do ar além dos padrões recomendados pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Isso em meio a uma pandemia de uma doença que, além de outros efeitos, também ataca os pulmões.

De acordo com a OMS, o limite para o período de 24 horas é de 25 µg/m³ (microgramas por metro cúbico) de material particulado no ar. Nas últimas semanas, mais de uma dezena de municípios acreanos têm apresentado médias diárias de até duas vezes acima desse nível, o que coloca em risco a saúde das pessoas que se expõem a essas condições de poluição, especialmente as mais sensíveis.
Fotos: Sérgio Vale/ac24horas

O grande volume de fumaça nos céus da capital acreana foi bastante perceptível durante toda esta terça-feira, 17, como mostram as imagens do repórter fotográfico Sérgio Vale feitas em vários pontos da cidade. Apesar do nível de poluição, Rio Branco teve apenas 6 focos de queimadas detectados pelo satélite de referência do Inpe nas últimas 24 horas.

Os dados desta terça-feira, 17 de agosto, da plataforma PurpleAir, mostravam, por volta das 20h30, uma média de um dia para Rio Branco de 35 µg/m³, no sensor instalado no Ministério Público (MPAC). Nesse nível, membros de grupos sensíveis podem sofrer efeitos na saúde se forem expostos por 24 horas. O público em geral provavelmente não será afetado com 24 horas de exposição.

A dinâmica da fumaça

A engenheira agrônoma, mestre em produção vegetal pela Universidade Federal do Acre (Ufac) e doutora em Ciências Florestais Tropicais pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, Sonaira Souza da Silva, que tem como principal linha de pesquisa o fogo na Amazônia Sul Ocidental, explica como funciona a dinâmica da fumaça no nosso estado.

“O problema é que a fumaça se move com o vento. Então, como ela se desloca, acontece que municípios que queimam muito, como é o caso de Feijó, transportam para outros. Assim, o que seria importante compreender é o fluxo do vento que vem do sul do Pará e do Amazonas e que chega a Feijó e faz a curva pela pressão da cordilheira dos Andes e leva a fumaça para o leste, no Baixo Acre”.
Fotos: Sérgio Vale/ac24horas

De acordo com a pesquisadora, a região onde estão os municípios de Rio Branco, Bujari, Capixaba, Xapuri e os demais da região leste do estado vão sempre concentrar mais fumaça devido essa circulação de vento e não apenas porque estão queimando, mas também porque recebem fumaça de grandes desmatamentos no sul do Amazonas, como Lábrea e Boca do Acre.

Situação deve piorar

De 1º de janeiro até 17 de agosto deste ano, o Acre registrou 2.140 focos de queimadas contra 1.641 do ano passado. O dado preocupa porque 2020 foi o terceiro ano em número de focos de calor desde o início da série histórica do Inpe, que começa em 1998. Para a pesquisadora Sonaira Silva, a situação tem a tendência de ser pior neste ano.

“Infelizmente a tendência é piorar, pois apenas cerca 5% do que foi desmatado esse ano no Acre foi queimado. Então, 95% de tudo o que foi desmatado no estado em 2021 ainda está por queimar, o que é suficiente para mostrar o que temos por enfrentar, e com a pouca chuva que a gente está tendo, a chance de a gente ter muito mais queimadas, inclusive com fogo descontrolado, é muito grande”, explicou.
Fotos: Sérgio Vale/ac24horas

O risco de fogo descontrolado citado por Sonaira Silva representa uma grande ameaça para a floresta, pois a partir de um período de 40 dias sem chuvas, o que já ocorre no Acre, as queimadas podem passar a atingir as matas trazendo de volta a possibilidade de uma tragédia como a que ocorreu em 2005, quando grande parte da Reserva Extrativista Chico Mendes sucumbiu ao fogo.

“É preciso muita conscientização, pois as pessoas aparentam que não guardaram a memória da tragédia de 2005 e estão seguindo o mesmo passo. E essa é uma pergunta que a gente sempre se faz, se estamos preparados para enfrentar outra situação como aquela, em termos de combate, porque parece que a história está querendo se repetir, o que a gente espera que não”, disse Sonaira.
Fotos: Sérgio Vale/ac24horas

Risco de Fogo

De acordo com o Boletim de Monitoramento de Queimadas publicado nesta terça-feira, 17, para esta quarta-feira, 18, o risco Alto e Crítico é previsto com maior intensidade no Leste e Oeste do estado do Acre; o risco de fogo Baixo a Médio é observado em pontos isolados no Oeste do estado, nos municípios de Tarauacá, Mâncio Lima, Rodrigues Alves, Marechal Thaumaturgo, Jordão e Cruzeiro do Sul.

Previsão de chuvas

O Monitoramento Hidrometereológico do Acre mostra que entre 17 e 23 de agosto, o prognóstico do Satélite NOAA/NCEP-GFS/USA indica previsão de chuva com volume acumulado na semana de até 15 mm para a região Oeste e de até 10 mm para a região Leste. Ambas indicam anomalia negativa e neutralidade, onde as chuvas deverão ficar abaixo da normalidade para o período.

Fonte: https://ac24horas.com/

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