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Quatro frigoríficos nacionais estão entre os mais poluentes, aponta relatório

"Atlas da carne" sugere que, juntas, vinte empresas liberam mais gases que Alemanha, o Reino Unido e a França
Divulgação/Frigorífico Annasar
"Atlas da carne" sugere que, juntas, vinte empresas liberam mais gases que Alemanha, o Reino Unido e a França

Um relatório divulgado nesta quarta-feira pela fundação alemã Heinrich Böll Stiftung coloca quatro frigoríficos brasileiros entre os 20 que mais emitem gases agravantes do efeito estufa no mundo. Com cerca de 30% das emissões do grupo, a JBS ocupa o primeiro lugar da lista, que também conta com as empresas nacionais Marfrig, Minerva e BRF.

O Atlas da carne 2021 destaca ainda que esses 20 frigoríficos juntos são responsáveis por mais emissões de gases de efeito estufa que a Alemanha, o Reino Unido e a França. Além disso, o relatório aponta que 14,5% das emissões desses gases no mundo são ligadas à indústria de carne animal.

Segundo o documento, que faz uma análise dos dados de 2016, os 20 frigoríficos emitiram juntos 932 megatoneladas de gases de efeito estufa naquele ano. Entre as empresas brasileiras a JBS foi responsável por 280 megatoneladas desse total, seguida por Marfrig (39Mt), Minerva (35Mt) e BRF (23Mt). Na comparação, o Atlas aponta ainda que a Alemanha tinha liberado 902 megatoneladas à frente  da França (507 Mt) e do Reino Unido (464 Mt).

Segundo a fundação Heinrich Böll Stiftung, os dados utilizados são de 2016 pois são os mais confiáveis e mais recentes disponíveis e que possibilitam a comparação das emissões de empresas e países.

"Neste caso, nós temos que lidar com o fato de que nem todas as companhias privadas publicam dados suficientes todos os anos. Às vezes, parece que elas tendem a ser menos transparentes nessas questões por motivos óbvios ou porque elas simplesmente não têm um monitoramento interno destas questões", diz o porta-voz da organização, Michael Alvarez, ao GLOBO.

Novos modelos de consumo

De acordo com o relatório divulgado, três quartos de toda a terra destinada à agricultura no planeta é utilizada ou para a criação de animais para consumo, como gado, aves, porcos, ovelhas e cabras, ou para o cultivo de sua alimentação. Ele estima ainda que a produção de carne pode aumentar em 40 milhões de toneladas até 2029, e atingir 366 milhões de toneladas por ano, o que pode aumentar a emissão de gases de efeito estufa.

A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) calcula que cerca de 47% dessas emissões derivam da produção e processamento da ração desses animais. Por volta de 39% seriam ligadas ao gás metano liberado pelo trato digestivo de ruminantes, como gado, ovelhas e cabras, e outros 10% atribuídos ao armazenamento e gestão do estrume.

"Nós precisamos começar a reduzir o número de alimentos de origem animal no planeta e incentivar modelos de consumo diferentes", disse Stanka Becheva, que trabalha na área de Alimentos e Agricultura do “Friends of the Earth Europe”, uma das organizações que produziram o relatório, ao jornal The Guardian.

Stanka  também acredita que é preciso aumentar a regulamentação da indústria. Segundo o relatório, nenhum governo obriga os produtores de carne a documentar as suas emissões de gases de efeito estufa ou padronizar suas metas de redução dessas emissões. Por isso, poucas empresas relatam suas emissões, muito menos metas para reduzi-las, aponta o documento.

O relatório chama a atenção também para o fato de que grandes nomes do setor estariam se consolidando e adquirindo companhias menores, reduzindo a competitividade e os modelos de produção de alimentos mais sustentáveis. “A pecuária industrial está em ascensão e continua empurrando modelos sustentáveis para fora do mercado”, diz o documento.

De acordo com dados da FAO, reforçados no relatório, cerca de 57% das emissões de gases de efeito estufa relacionadas ao setor de alimentos são provocadas pela indústria pecuária.

Redução de emissões

Em nota, a JBS afirmou que o Atlas se apoia em falsas premissas e em informações superadas na elaboração de seu relatório. A empresa ressaltou que assumiu o compromisso de se tornar Net Zero até 2040, ou seja, vai zerar seu balanço líquido de emissões de gases causadores de efeito estufa, considerando as emissões diretas e as de toda a sua cadeia de valor. Para isso, a empresa afirmou que está investindo US$ 1 bilhão até 2030. A JBS diz ainda que é a mais bem colocada entre as empresas brasileiras do setor food, beverage & tobacco, subindo de B para A no critério Mudanças Climáticas em recente levantamento de uma plataforma global de informações corporativas sobre sustentabilidade.

A BRF afirmou que também tem o compromisso de zerar as emissões de gases de efeito estufa até 2040, tanto em suas operações como em sua cadeia produtiva. Para isso, estão sendo implementadas medidas que buscam a “compra sustentável de grãos, o fomento à agricultura de baixo carbono, o uso de energia renovável e o incremento da eficiência operacional”.

Já segundo a Minerva, a empresa vai zerar as emissões de carbono até 2035 e já zerou as emissões de gases de efeito estufa provenientes da aquisição de energia elétrica em 100% de suas operações, o chamado escopo 1. Além disso, a empresa disse que promoveu a remoção de mais de 38 mil toneladas de CO2 da atmosfera através do plantio de árvores e que vai inserir 50% dos fornecedores de carne bovina em seu Novo Programa de Baixa Emissão de Carbono até 2030.

A Marfrig disse que, em 2020, criou o Plano Marfrig Verde+, e que uma de suas frentes é a redução das emissões de gases de efeito estufa. Nos escopos 1 e 2, que compreendem as emissões diretas dos geradores e indiretas pelo consumo de energia, a meta da Marfrig é reduzir em 43%. Já no escopo 3, que são as emissões decorrentes da atividade da empresa, porém de fontes que não pertencem ou não são controladas por ela, a empresa se comprometeu a reduzir as emissões em 35% até 2035.

Fonte: https://economia.ig.com.br/

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