Burocracia consome 70% da verba de combate à corrupção
Imagem: www.pcdoblagoagrande
Num ano em que seis ministros deixaram seus cargos por suspeitas de
irregularidades em suas pastas e outros 564 servidores federais foram
afastados do serviço público acusados de práticas ilícitas, o total
investido pelo governo no combate à corrupção não fez nem sombra ao
prejuízo calculado pela Advocacia-Geral da União (AGU) de R$ 2,14
bilhões aos cofres públicos. De acordo com dados publicados no Portal da
Transparência do governo federal foram gastos pouco mais de R$ 50
milhões com o Programa de Controle Interno, Prevenção e Combate à
Corrupção em 2011, sendo que deste total, R$ 35,8 milhões, ou cerca de
70%, foram usados apenas na gestão e na administração do programa
executado pela Corregedoria-Geral da União (CGU).
Só com passagens, diárias, treinamentos, congressos e seminários
promovidos pelo programa, as despesas foram de de R$ 19,6 milhões. Não
estão computadas as reformas e os investimentos em infraestrutura física
e tecnológica. Para 2012, o orçamento do programa é estimado em R$ 66
milhões.
As Unidades Regionais da CGU nos 26 estados da federação e mais a
sede, em Brasília, tiveram como média mensal de despesas um total R$ 910
mil. Foram gastos ainda R$ 522 mil mensais com o Serviço Federal de
Processamentos de Dados (Serpro), que recebe pela parceria no
desenvolvimento do sistema de informática da CGU.
Cabe lembrar que a área de competência legal da CGU abrange apenas o
Poder Executivo Federal e que os demais poderes da República, –
Legislativo e Judiciário – têm suas próprias instâncias de controle. Não
é de competência da Corregedoria desenvolver ações de fiscalização e de
controle em administrações estaduais ou municipais, que são entes
federativos autônomos, segundo a Constituição Brasileira.
A fiscalização em estados e municípios se dá apenas quanto à
aplicação de recursos transferidos pela União, ou seja: recursos
federais. Estados e municípios têm suas próprias políticas e
instrumentos de controle de gastos, prevenção e combate à corrupção,
muito embora alguns até tenham firmado termos de cooperação técnica com a
Corregedoria nessa área, mas, de acordo com informações da assessoria
de imprensa da CGU, esses termos de cooperação não implicam em dispêndio
de recursos. No quesito transferência de recursos, o programa fechou
apenas um acordo de cooperação técnica e dois termos de parceria, o que
contemplou somente dois estados, Rio de Janeiro (R$ 100 mil) e São Paulo
(R$ 732 mil), além do Distrito Federal (R$ 205 mil).
Segundo a CGU, há oito anos o Brasil recuperava apenas 1% da verba
desviada com corrupção. Hoje a média está em 15%. A meta é chegar a 25%
do dinheiro público desviado em até quatro anos. Os maiores devedores
cobrados pela AGU são empresários, com a suspeita de terem desviado R$
468 milhões. Em seguida, vêm os servidores e ex-servidores públicos, com
R$ 300,8 milhões. Os prefeitos e vice-prefeitos respondem a ações
pedindo o ressarcimento de R$ 249,4 milhões.
Fonte: www.oglobo.com
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