CNPq prepara edital de bolsas para aumentar formação de engenheiros
De acordo com o Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Confea) há déficit de 20 mil engenheiros por ano no país
Pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostra que apenas 35% dos engenheiros formados estão trabalhando na área
O Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq)
deve publicar no próximo mês edital para a oferta de 12 mil bolsas de
iniciação científica do programa Pró-Engenharia destinadas a estudantes
de graduação de engenharia, alunos do ensino médio (iniciação científica
júnior) e a professores orientadores.
Conforme nota do CNPq, serão investidos R$ 24 milhões, o que permitirá
dobrar o número de bolsas hoje disponíveis (6 mil). A iniciativa é feita
em parceria com a mineradora Vale e haverá oferta de bolsas em todo o
país, preferencialmente em instituições das regiões Norte e Nordeste.
A intenção do governo é aumentar o interesse dos estudantes do ensino
médio pelas engenharias, diminuir a evasão do curso nas universidades e
melhorar a formação de futuros profissionais na área. A falta de
engenheiros é reconhecida pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e
Inovação (MCTI) como um gargalo para dar sustentabilidade ao provável
crescimento econômico dos próximos anos. A meta é aumentar o número de
formados em 60% até 2014.
Dado do Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia
(Confea) indica déficit de 20 mil engenheiros por ano no país. De
acordo, com o diretor de Engenharias, Ciências Exatas, Humanas e Sociais
do CNPq, Guilherme Sales Melo, faltam no mercado de trabalho
especialmente engenheiros civis, de minas, de petróleo e gás, navais e
de computação.
Pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostra que
apenas 35% dos engenheiros formados estão trabalhando na área. Na
opinião do diretor, não é possível remanejar esses profissionais, “é
mais fácil pegar novos engenheiros”. Por isso, o CNPq incluiu os alunos
do ensino médio no programa. “É para que os estudantes trabalhem com
professores universitários, despertem interesse, brilhem os olhos e
digam 'é isso que eu quero'”, completa Melo.
A estratégia de estimular mais alunos do ensino médio, no entanto, tem pelo menos duas limitações: a qualidade da educação
e a evasão escolar. Menos da metade dos jovens de 15 a 17 anos está no
ensino médio, e um quarto apenas dos formados chega às universidades. No
ensino superior, a evasão chega a 60% em alguns cursos.
Segundo Guilherme Sales Melo, em parte, a desistência dos alunos na
universidade tem a ver com as exigências do curso, que requer dedicação
exclusiva e tem alta carga de estudo em disciplinas como cálculo.
A percepção sobre a dificuldade de formar engenheiros é partilhadas por
outras empresas. O diretor do CNPq conta que na Universidade Federal do
Rio de Janeiro (UFRJ) “há empresas que estão dando bolsas de estágio
para os alunos continuarem fazendo o curso”. “Parece um contrassenso: o
aluno quer fazer o estágio, só que o estágio é importante em um momento
do curso e durante um tempo só. Tem que ter muito cuidado para o
estagiário não virar mão de obra barata da empresa. Naquele tempo em que
ele está estagiando, está deixando de estudar. Quanto mais estudar
dedicadamente, mais longe vai chegar”, recomenda.
Entre 2000 e 2009, o número de alunos concluintes de engenharia saltou
de 22,8 mil para 47 mil. A participação de engenheiros no universo de
formados, no entanto, caiu de 7% para menos de 6%. Na China, 35% dos
formandos nas universidades são engenheiros; e na Coreia do Sul, 25%.
Fonte: http://exame.abril.com.br
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