Sobe para 55 total de mortes na BA durante greve da PM
De acordo com o governador Jacques Wagner, há grevistas envolvidos na onda de saques e assassinatos que toma o estado
Policiais do Exército durante patrulhamento na Pituba, em Salvador
(Raul Spinassé /Ag. A Tarde/Folhapress)
A Secretaria de Segurança Pública da Bahia confirmou mais dois
homicídios neste sábado, elevando para 55 o número de mortes ocorridas
desde o início da greve da Polícia Militar, na terça-feira. O policial
civil João Carvalho Filho, de 32 anos, estava sacando dinheiro em um
caixa eletrônico instalado no estacionamento de um supermercado na
Avenida ACM, quando foi alvejado por ladrões. Os bandidos levaram a sua
arma e fugiram.
A outra vítima é Evandro Dias Pereira, de 29 anos, que foi baleado no
bairro Lobato e levado para o Hospital do Subúrbio. Na madrugada deste
sábado, o corpo de um homem, ainda não identificado, foi localizado no
bairro periférico de Canabrava.
Autoridades - O governador da Bahia, Jaques Wagner,
disse acreditar na participação de policiais militares grevistas em
homicídios e saques ocorridos em Salvador nas últimas horas. Desde
terça-feira, o estado sofre com a paralisação parcial da Polícia Militar
(PM). "Parte dos crimes pode ser parte da operação montada, da
tentativa de criar um clima de desespero na população para fazer o
governo sucumbir. Uma tentativa de guerra psicológica, como ocorreu
recentemente em outros estados, como o Maranhão e o Ceará", disse o
governador, neste sábado. "Não tenho dúvida que parte de tudo isso é
cometido por ordem dos criminosos que se autointitulam líderes do
movimento."
O governador também negou a possibilidade de anistia dos policiais
militares que tiverem cometido atos de vandalismo ou violência durante a
paralisação. A anistia é um dos itens da pauta de reivindicações tanto
dos PMs grevistas - cerca de um terço da corporação, de 32.000 homens -,
quanto dos que continuam trabalhando. "Não existe essa possibilidade,
não vejo como anistiar, perdoar, o que quer que seja", disse. "Isso
seria como eu dizer a outros criminosos que amanhã eles podem ser
anistiados."
Segundo Wagner, a Justiça baiana já expediu mandados de prisão para
doze lideranças da greve - outros quatro já foram pedidos. "Tenho
certeza que a determinação judicial será cumprida", afirmou. O ministro
da Justiça, José Eduardo Cardozo, que chegou ao estado neste sábado,
colocou a disposição presídios federais de segurança máxima para
encaminhar os policiais militares que tenham cometido algum crime
durante a mobilização. Cardozo chegou acompanhado da secretária Nacional
de Segurança Pública, Regina Miki, e do diretor-geral da Polícia
Federal, Leandro Daiello.
Foi transportado para a Bahia, diz o ministrro, por determinação da
presidente Dilma Rousseff, que decretou situação de Garantia da Lei e da
Ordem (GLO) para o estado, o maior contingente de forças federais já
utilizados em operações do gênero no país. "São mais de 3.000 homens das
Forças Armadas para dar tranquilidade ao povo baiano e para fazer com
que o estado de Direito prevaleça", afirmou Cardozo. "Estando sob estado
de Garantia de Lei e Ordem, qualquer depredação de equipamento
configura crime federal. A Polícia Federal está orientada fazer com que
as transgressões à lei sejam apuradas e punidas com o máximo rigor."
Arrombamentos - Também foram registrados três
arrombamentos em Salvador. Um supermercado do bairro do Ogunjá e a
Colônia de Pescadores do Rio Vermelho foram saqueados. Uma loja de
móveis do bairro do Cabula foi incendiada depois do arrombamento e o
fogo comprometeu a estrutura do prédio de três andares localizado acima
do estabelecimento. As quatro famílias que moram no local tiveram que
deixar as casas.
No interior da Bahia, foram registrados ataques a tiros contra
estabelecimentos comerciais em cidades como Paulo Afonso, no norte do
estado, e Barreiras, no extremo oeste. Nos dois municípios, todos os PMs
aderiram à greve, em assembleias realizadas na noite desta sexta. Em
Barreiras, por exemplo, duas agências bancárias, uma loja de roupas, uma
clínica médica e a sede da TV Oeste, afiliada da Rede Globo, foram
atingidas por tiros.
Vitória da Conquista, no sul do estado, também registrou
estabelecimentos danificados por ação de vândalos. Lojas do centro da
cidade e uma agência bancária tiveram as portas quebradas por pedras. Em
Feira de Santana, segundo maior município do estado, foram registrados
três homicídios e, em Itabuna, um.
Fonte: http://veja.abril.com.br
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