Perfurações de petróleo e gás terão início no Vale do Juruá
Nos próximos meses serão contratados 520 trabalhadores, e os municípios da região podem arrecadar quase R$ 3 milhões de ISS.
Um
trabalho que significará um marco na emancipação socioeconômica de
ribeirinhos, indígenas e demais comunidades do Acre iniciado em 2007
chega, agora, na reta final. Trata-se da prospecção de gás e petróleo na
região do Juruá que neste mês chega à fase de finalização com o início
do trabalho dos estudos de sísmica terrestre.
Para chegar à conclusão de que a região
do Juruá tinha de fato as condições para prospecção de gás natural e
petróleo foi preciso trilhar um longo caminho que incluiu levantamentos
aéreos, realizados de 2007 a 2008; levantamentos químicos de 2008 a 2010
e por fim, a fase que inicia neste mês: os estudos de sísmicas
terrestres.
“Um relatório detalhado apontou que o
estudo de geoquímica indicou evidencias de ocorrência de gás natural
associado a um óleo fino na região do Juruá”, ressaltou o governador
Tião Viana que tem trabalhado desde sua atuação no Senado para que a
Agência Nacional do Petróleo (ANP) fizesse prospecções no Estado.
As áreas que foram identificadas nos
estudos que apontam onde há evidencias de ocorrência de gás natural
inclui os municípios de Cruzeiro do Sul, Mâncio Lima, Rodrigues Alves,
Marechal Thaumaturgo e Porto Walter, no Acre, e ainda os municípios de
Ipixuna e Guajará, do Amazonas.
No dia 12 de fevereiro foi conseguido o
último licenciamento ambiental que autoriza o trabalho de estudos
sísmicos. A área analisa faz um pequeno corte em 81 hectares de tudo que
será estudado nesta sísmica.
“A floresta se recompõe normalmente. São
pequenas áreas. A sísmica será concluída em 10 meses. A partir daí a
ANP estará pronta para promover a licitação para a prospecção. Quem
acompanhou todo esse processo foi a Magda Chambriard – engenheira civil,
ex-diretora da ANP e atual presidente da Agência Nacional”, detalha
Tião Viana.
Nesta fase atual do projeto de
prospecção no Acre a empresa Georadar sagrou-se a vencedora da licitação
para atuar nesta última etapa de sísmicas terrestre, contratada por R$
53 milhões de reais, sendo que, de acordo com o diretor da Georadar,
Luiz Nagata, R$ 37 milhões serão gastos com contratação de pessoal,
aquisição de insumos, alimentos, aluguéis de propriedades, pagamentos de
impostos nas cidades em que a empresa atuar no Acre e Amazonas e ainda,
na indenização de propriedades que a empresa precisar adentrar.
“Somente de ISS [Imposto Sobre Serviços]
os municípios envolvidos da área do Juruá vão receber R$ 2,7 milhões”,
revela o governador.
Projeto criterioso e ambientalmente correto
O secretário de Meio Ambiente, Edgard de
Deus, explica que os estudos sísmicos vão detectar a localização das
jazidas e o tamanho delas para, a partir disso, dar início a prospecção.
“Quando se fala nisso as pessoas acham que as explosões terão um
impacto enorme, mas na realidade o impacto é menor que um traque, se
comparado”, assegura o secretário.
Um mapa geológico foi produzido
indicando a presença de gás e petróleo em áreas da região do Vale do
Juruá. “Nesta fase de estudos houve um trabalho de exclusão das unidades
de conservação e áreas indígenas” (colocar MAPA 6 áreas em amarelos são
terras indígenas, não entram no projeto de prospecção e verde áreas de
unidades de conservação)
Serão 1.017 quilômetros de sísmica com
previsão de 10 meses para conclusão dos estudos. A empresa contratada
para este serviço deverá contratar 520 trabalhadores, sendo que a
maioria serão da região.
Edgard de Deus frisa que a licença
ambiental foi emitida pelo Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e
dos Recursos Naturais Renováveis) tendo em vista que o trabalho engloba
dois Estados: Acre e Amazonas.
“Foram feitos estudos ambientais para
poder fazer o trabalho de sísmica, esses estudos indicaram um plano de
gestão ambiental composto de um projeto de educação ambiental para os
trabalhadores, programa de monitoramento ambiental, programa de
comunicação para a população, programa de construção, programa de
levantamento fitossociológico e faunístico porque terá supressão de
vegetação”, observa Edgard de Deus.
O secretário esclarece que se for somado
tudo que for suprimido, de acordo com o projeto, será o equivalente a
81 hectares. Edgard de Deus diz que mesmo na área onde haverá maior
supressão, que é no Amazonas, os danos não serão altos. “As áreas que
serão suprimidas passarão por um processo de recuperação”, destaca
Edgard.
Para localizar a jazida e sua extensão, o
secretário de Meio Ambiente explica que são utilizados detonadores.
“São abertos furos de no máximo dois metros, dentro são colocadas as
bananas de dinamite. Essas dinamites estão ligadas a sensores que
registram tudo”, esclarece.
Luiz Nagata, diretor da Georadar,
explica que o equipamento funciona como se fosse um aparelho de raio-X
ou ultrassom tridimensional, e quando o explosivo é detonado ele passa
informações via wireless para a base. Um software vai analisar os dados e
apontar o tamanho da jazida e onde ela se encontra.
Manter a sustentabilidade elevando a qualidade de vida
O governador Tião Viana diz que o Estado
não abre mão de manter sua política de sustentabilidade, das políticas
amazônicas corretas, do trabalho de desenvolvimento econômico. Tião
frisa que esse projeto da prospecção vem sendo executado respeitando as
áreas indígenas e de conservação.
“Esse trabalho vem sendo feito com esse
cuidado e trabalhando em áreas antropizadas do Acre – áreas cujas
características originais (solo, vegetação, relevo e regime hídrico)
foram alteradas por consequência de atividade humana – Temos respeito ao
socioambientalismo e ele está sendo preservado e assegurado por nós”,
afirma o governador.
Viana lembra que um passo importante
para o projeto dar certo no Acre foi um acordo feito com a Eletrobras em
2011 no qual a empresa distribuidora de energia elétrica se comprometeu
em levar o linhão de Rio Branco a Cruzeiro do Sul. O projeto deverá ser
concluído em fevereiro de 2014.
O linhão do Acre será um diferencial se
comparado ao Polo da Petrobras em Urucu, no Amazonas. No Estado vizinho
foi preciso construir um gasoduto para que a energia chegasse ao polo.
Com o linhão, o Acre economiza na distribuição de energia.
“Esse linhão pronto significa que
Cruzeiro do Sul estará ligada com municípios vizinhos, ao centro-sul e
ao sudeste do país na troca de energia. Com isso, a gente pensa que uma
unidade de produção de gás trará muitos ganhos ambientais. Hoje, nós
usamos diesel nas usinas. O diesel é 60% mais poluente que o gás. Com a
usina nós teríamos a substituição de uma matriz energética, estaríamos
colocando energia na linha de transmissão e vendendo para qualquer lugar
do Brasil, a partir da geração, em Cruzeiro do Sul, numa atividade
completamente controlada e protegida do ponto de vista ambiental”,
argumenta.
Tião Viana revela que há outra
alternativa para que a prospecção gere renda. “Podemos converter metade
dessa atividade na forma de royalties, ICMS, ou qualquer outro, em
atividades de preservação e fortalecimento da vida socioambiental do
Estado”.
Na ótica do governador as alternativas
disponibilizadas nesta prospecção estão completamente ‘casadas’ com as
políticas socioambientais.
Em Urucu (AM) o polo gera
aproximadamente R$ 1,5 bilhão para o Estado. “Imaginem o que é
acrescentar a nossa receita R$ 500 milhões que venhamos a ter e metade
disso venha a ser convertido para investimentos socioambientais das
populações que vivem na floresta para fortalecer a qualidade de vida, as
atividades sustentáveis e os potenciais que a floresta amazônica tem a
nos dar com sua biodiversidade, os potenciais econômicos de frutas e
pequenos animais e tudo que construímos de política. Isso pode
significar uma veloz conversão de qualidade de vida e fortalecimento da
atividade sustentável do Estado”.
O governador complementa dizendo que
seria o mesmo que fazer uma conversão de uma atividade tradicionalmente
emissora de carbono para uma atividade com fortes compensações
ambientais. “Onde pudermos vender os créditos de carbono, ao invés de
explorá-los, melhor para nós”, garante o governador.
Para o entusiasta da prospecção de
petróleo no Acre, esse pode ser um atalho na emancipação econômica das
populações do Juruá porque permitirá investimentos na região que variam
da plantação de frutíferas, a atividades de uso da biodiversidade para
cosméticas. “Podemos multiplicar as ações sustentáveis”.
Mais empregos e novas perspectivas
O diretor da Georadar, Luiz Nagata,
conta que a empresa já se instalou em Cruzeiro do Sul, alugou um espaço
que será escritório e terá área de dormitório para a equipe que vem de
Minas Gerais para juntar-se aos colabores que serão contratados aqui.
Nagata diz que esta é a fase é chamada
de ‘etapa de mobilização’, onde é criada a base de operação da empresa, e
agora iniciou o trabalho para obtenção de uma licença no Exército para
utilização e transporte de explosivos. “A pesquisa sísmica é feita por
meio de pequenas explosões controladas, e, a partir dessa detonação a
emissão de ondas sonoras é gerado imageamento do subsolo. Nessa primeira
fase nós vamos levar os equipamentos, começar a contratação de
colaboradores nesse projeto”, pontua.
Serão contratados trabalhadores nos três
níveis escolares: fundamental, médio e superior. A direção da empresa
assegura que só está trazendo ao Estado os profissionais com
qualificação não encontrada na região e são funcionários que têm anos de
colaboração com a Georadar.
“Vamos precisar da colaboração de
mateiros, motoristas, topógrafos, administradores, engenheiros
florestais, técnicos de segurança do trabalho, entre outros. Serão
trabalhadores de vários níveis que devem ser contratados localmente”,
completou.
Nos próximos dias Luiz Nagata deverá
participar de uma audiência pública com diversos segmentos da sociedade
para esclarecer qual será o trabalho que a empresa vai executar no Acre.
Fonte: http://www.vozdoacre.com/
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