STJ aprova filtro para barrar julgamento de processos pouco significantes
Imagem: Divulgação
A enxurrada de recursos que chega diariamente ao Superior Tribunal de
Justiça (STJ) pode estar com os dias contados. Os ministros aprovaram,
nesta segunda-feira (5), um anteprojeto de lei que barra a subida de
processos pouco significantes para a corte. Caso a medida seja aprovada
no Legislativo, o tribunal terá mais tempo para analisar os casos que
realmente interferem na vida do cidadão e para firmar teses que devem
ser seguidas nas instâncias inferiores.
A intenção é ter o mesmo modelo usado pelo Supremo Tribunal Federal
(STF) desde 2007, que resultou em uma queda de 76% no número de
processos da Suprema Corte. Chamada "repercussão geral", a ferramenta
permite que os ministros do STF escolham previamente, em votação
virtual, os casos que irão julgar nas sessões plenárias seguindo
critérios de relevância social, política e econômica.
O texto aprovado hoje pelo STJ segue agora para o Executivo, que deverá
encaminhar a proposta para o Congresso Nacional. Segundo o presidente
do STJ, Ari Pargendler, a proposta já tem a simpatia do ministro da
Justiça, José Eduardo Cardozo.
Para que a mudança entre em vigor, são necessárias duas intervenções do
Congresso Nacional – uma emenda à Constituição permitindo que o STJ
tenha esse filtro, e uma lei para estabelecer quais serão os critérios
de pré-seleção. O presidente da comissão que estudou o assunto no STJ,
ministro Teori Zavascki, disse que os ministros estão confiantes no
apoio do Congresso Nacional.
“Quem conhece os problemas do STJ e quem já se familiarizou com o
resultado obtido no STF está do nosso lado”, disse o ministro em
entrevista à Agência Brasil. A proposta de levar o
filtro para o STJ é contemporânea ao movimento pró-repercussão geral no
STF, mas os parlamentares optaram por contemplar apenas a Suprema Corte
com a Reforma do Judiciário de 2004.
Zavascki acredita que até mesmo os advogados - que em tese poderiam
ficar descontentes com a eliminação de uma instância de apelação -
deverão apoiar a proposta, já que os casos mais urgentes e com chances
de vitória serão julgados mais rapidamente. Por mais que trabalhe, o STJ
está sempre em débito com a sociedade: em 2011, foram analisados 317,1
mil processos, mas a corte terminou o ano com um estoque de 235.466
casos para julgar.
No ano passado, o ministro Marco Aurélio Mello, do STF, chegou a propor
que o número de ministros do STJ passasse de 33 para 66, alegando que o
tribunal não estava dando conta do elevado número de processos. Em sua
justificativa, o ministro lembrou que o tipo de ação mais urgente da
Justiça – o habeas corpus, usado para soltar pessoas presas injustamente – estava demorando mais de um ano para ser analisado no STJ.
De acordo com Zavascki, outra proposta em análise deve atingir
ministros que desempenham funções especiais na corte. Atualmente, quatro
ministros do STJ são poupados de receber o volume normal de processos
percebidos dos demais membros: o presidente, o vice-presidente, o
corregedor do Conselho Nacional de Justiça e o corregedor do Conselho da
Justiça Federal.
“Temos que resolver esse problema que apareceu no STJ com a criação do
cargo de corregedor-geral de Justiça. Isso desfalcou o STJ de um
ministro, uma das turmas de julgamento sempre fica com um ministro a
menos. A ideia inicial da comissão seria unificar na figura do
vice-presidente a função de corregedor-geral”, explicou Zavascki.
Fonte: http://agenciabrasil.ebc.com.br
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