África do Sul registra o episódio mais violento dos últimos 18 anos
Corpos de mineiros no chão: conflito sindical na África do Sul termina em tragédia - Siphiwe Sibeko/Reuters
Um grupo de mineiros grevistas foi baleado nesta quinta-feira pela
polícia na mina de platina da companhia Lonmin, em Marikana, perto da
cidade de Rustenburg, na África do Sul.
O ministro da Segurança (Polícia), Nathi Mthethwa, admitiu que ao menos
34 trabalhadores morreram no confronto – um dos sindicatos dos
mineiros afirmou que o número de mortos chega a 36.
O episódio é mais um capítulo de um conflito entre dois sindicatos e a
polícia, no qual outras dez pessoas já morreram desde o domingo passado –
a greve dos mineiros começou na última sexta-feira. As chocantes imagens da operação policial foram exibidas pela TV sul-africana. Nelas, a polícia atira contra um grupo de manifestantes, que caem em meio a uma nuvem de poeira.
O presidente da mineradora Lonmin, uma estatal inglesa, atribuiu à
polícia a responsabilidade pelos sangrentos confrontos. "A polícia
sul-africana estava encarregada da ordem e da segurança no local desde o
início da violência entre sindicatos rivais, no final de semana",
assinalou Roger Phillimore em um comunicado publicado na noite desta
quinta-feira. "É claro que deploramos profundamente estas mortes, o que
constitui claramente uma questão de ordem pública acima do conflito
social".
Apelo – O presidente da África do Sul, Jacob Zuma,
disse que estava "chocado e consternado com essa violência sem sentido".
Ele ainda fez um apelo pelo fim dos conflitos. "Apelamos ao movimento
operário e à empresa para trabalhar com o governo para deter a situação
antes que ela se deteriore ainda mais", declarou Zuma.
"Eu instruí as autoridades policiais para fazer todo o possível para colocar a situação sob controle e responsabilizar os perpetradores da violência", completou o presidente.
"Eu instruí as autoridades policiais para fazer todo o possível para colocar a situação sob controle e responsabilizar os perpetradores da violência", completou o presidente.
Manifestação – Na manhã desta quinta-feira, cerca de
3.000 mineiros armados com porretes, barras de ferro e machados se
reuniram na entrada da mina para exigir melhores salários. Durante o
dia, a direção da companhia ameaçou despedir os grevistas que não
retornarem ao trabalho nesta sexta-feira.
De acordo com testemunhas, os manifestantes jogaram bombas caseiras nos
policiais. Na tentativa de dispersar o protesto, a polícia lançou
bombas de gás lacrimogêneo e disparou balas de borracha – não está claro
por que ocorreram os tiros com munição real. Após os disparos, a TV
sul-africana mostrou policiais com coletes a prova de balas observando
homens caídos no chão, vários dos quais provavelmente mortos. Mais
tarde, a polícia alegou "legítima defesa" para efetuar os disparos.
O incidente está ligado à luta pelo poder entre o tradicional Sindicato
Nacional dos Mineiros (NUM) e o recém-formado Sindicato das Associações
de Mineiros e da Construção (AMCU), que exige um salário de 12.500
rands (o equivalente a cerca de 3.000 reais), mais do que o dobro do que
os trabalhadores ganham atualmente. Oito meses atrás, eles concordaram
com um aumento de 10%, mas o novo sindicato não aceita a proposta. (Com agência France-Presse)
Fonte: http://veja.abril.com.br
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