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Sucessão de erros de comunicação agrava crise gerada por massacres em presídios


“Declarações das autoridades públicas brasileiras sobre mortes em presídios são um caso exemplar de como fazer uma crise se agravar”

A arte de piorar a crise

O massacre do presídio de Manaus chocou o mundo e colou a barbárie na reputação do Brasil no exterior. A chacina serviu para reforçar a imagem já formada em vários países de que as prisões aqui são verdadeiras masmorras medievais. E as ações das autoridades públicas são um caso exemplar de como fazer a crise se agravar. É inacreditável a sucessão de erros de comunicação, de declarações desastradas e de bate-cabeças entre as principais lideranças brasileiras, tanto federais como estaduais.

Depois de três dias sem dar uma palavra sobre o massacre, o presidente Michel Temer rompeu o mutismo para classificar a selvageria de “acidente pavoroso” e tratou de minimizar a responsabilidade de agentes públicos. Criticado pela escolha indevida da palavra acidente, “acontecimento casual”, segundo o Houaiss, Temer recorreu ao Twitter para se defender e justificar a escolha do termo.

Pressionado pela forte cobrança na mídia e nas redes, o presidente convocou reunião de ministros e anunciou a liberação de R$ 1,8 bi para a segurança pública. As medidas foram criticadas e classificadas de oportunismo político por especialistas. A imprensa mostrou que, se efetivada, a ação do governo reduziria 0,4% do deficit de vaga prisional.

Despachado às pressas para Manaus, o ministro da Justiça tomou a iniciativa de declarar que a secretaria de segurança do Estado sabia da possibilidade da rebelião e, contrariando a versão do governo do Amazonas, disse considerar um erro ligar o massacre simplesmente a facções. Um dia depois, soube-se pela manchete no Globo que a Polícia Federal do Amazonas também sabia da ameaça da rebelião desde outubro de 2015. A PF é subordinada ao Ministério da Justiça.

E o governador? Em entrevista à rádio CBN saiu-se com esta: “Não tinha nenhum santo entre os presos mortos”. Para a presidente do STF, ministra Carmen Lúcia, a situação é grave e vai explodir. Com ela concorda até o Papa Francisco, que manifestou dor e preocupação com a rebelião e pediu condições dignas para os presos.

O massacre é o resultado macabro do que é de conhecimento geral: o descalabro da situação penitenciária brasileira. Como estampou o Globo em título de alto de página, trata-se de “crônica de um massacre anunciado”. O jornal pontuou os desacertos do ministro da Justiça: “Em vez de tentar esconder a gravidade da situação, o ministro deveria se dedicar com afinco a ajudar na formulação de uma política de segurança que seja mesmo nacional. E que funcione”.

Para um governo com tão baixa popularidade, os erros são enormes e vão muito além da comunicação. “Incompetência e descaso também explicam a violência”, lembrou o Globo em editorial.

Nesta sexta de manhã (6), mais um massacre em presídio de Roraima, com dezenas de presos decapitados.

O marketing de Doria e Crivella

Os prefeitos das duas maiores capitais do país resolveram inaugurar seus mandatos com lances espetaculosos de marketing. João Doria vestiu uniforme de gari para lançar um programa de limpeza urbana, mas foi só para posar para as fotos, porque a rua já tinha passado por uma faxina completa de madrugada. No Rio, o prefeito Marcelo Crivella foi doar sangue com toda a família, mas cuidou que seus assessores avisassem a mídia.

Na era da transparência e da sociedade da informação, as ações de agentes públicos precisam ser legítimas para ter credibilidade. Com as redes sociais amplificando as notícias e informações em tempo real, a sociedade não aceita mais atos de fachada, planejados para parecer em vez de ser para valer. Os dois novos prefeitos acabaram servindo de mote perfeito para milhares de memes que se espalharam nas mídias sociais.

Atos de puro marketing se desmancham no ar e criam rastros de desconfiança na opinião pública, que já anda cética com seus representantes eleitos.


Campanha ruim também mata

De vergonha. A nova campanha de conscientização do Ministério dos Transportes, Portos e Aviação Civil causou polêmica nas redes sociais. A intenção do ministério era alertar as pessoas sobre o perigo de atitudes imprudentes no trânsito. Entretanto, a campanha “Gente boa também mata” não foi bem recebida e deixou muitos brasileiros irritados.

As peças publicitárias mostravam pessoas que fazem trabalho voluntário, resgatam animais na rua, plantam árvores. A ideia era mostrar que nem mesmo os bem-intencionados podem beber e dirigir ou falar ao celular na direção, pois o risco de colocar vidas em perigo é o mesmo. Cartazes que associam crimes de trânsito a pessoas que praticam boas ações foram espalhados pelas ruas da cidade e o vídeo veiculado na internet.

A abordagem recebeu muitas críticas por associar ações negativas a pessoas com boas intenções. Muitos disseram não entender a lógica da campanha e onde o Ministério queria chegar com isso.

Como o brasileiro não perdoa, a iniciativa já gerou os primeiros memes. Um deles traz a imagem do presidente Temer com a frase “Gente que corta investimento na saúde também mata”.

Na quarta-feira (4), o governo pediu a retirada da campanha do ar e a sua reformulação.


Direito de desconectar agora é lei na França

As novas tecnologias revolucionaram as formas de trabalho trazendo mais facilidades, agilidade e flexibilidade. Mas também dissolveram as fronteiras entre a vida pessoal e a vida profissional, nos tornando dependentes de celulares e laptops. O debate que começa a surgir é até que ponto a conexão total em que vivemos é aceitável.

Para enfrentar o fenômeno, a França decidiu instituir o direito à desconexão, inscrito desde o primeiro dia deste ano no código do trabalho. A nova lei não determina que o profissional desligue o celular ao chegar em casa, ou que a empresa tenha um horário específico para desligar seus servidores. A legislação aposta na negociação e no pragmatismo, e empresas e empregados deverão entrar em um acordo benéfico para as duas partes.

Fonte: http://congressoemfoco.uol.com.br/

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