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Os meninos estão bem, mas o Brasil continua na caverna


Meninos do time "Javalis Selvagens" foram registrados de caverna na semana passada


Ufff! Os meninos da Tailândia foram resgatados em segurança! Mas e o Brasil? Pois é. O país continua esquecido numa caverna escura, com ar rarefeito e risco de infecção generalizada por bactérias e fungos oportunistas. E até aqui não foi identificado um único mergulhador ou espeleólogo com a competência necessária para efetuar o resgate com alguma chance de sucesso.

A três meses das eleições, o país está desidratado, cansado e faminto, tentando enxergar alguma luz na escuridão. Nessa época, na eleição passada, candidatos já estavam lançados e coligações fechadas. Dilma, impulsionada por discutíveis avanços na economia e na área social, enfrentava um Aécio competitivo (terminou derrotado por pouco mais de 4% dos votos) e que ainda não havia sido enxovalhado pelas denúncias de corrupção. E hoje? O PT insiste em manter a candidatura de Lula, que mais parece um pneu furado, pela falta de perspectivas de soltura do presidiário. O jeito vai ser trocar o pneu por um estepe da marca Haddad se quiser continuar a viagem. Aécio, mais sujo do que pau de galinheiro, está fora do jogo desta vez. Alckmin, cada vez mais chuchu, com aquele gosto de nada adoçado com coisa alguma. Marina perdeu o ar de novidade, não agita mais nem o açúcar de uma xícara. Meirelles não tem pegada, parece um aposentado que passa o dia jogando gamão. Ciro tenta conter o destempero exibindo aquele sorriso forçado. Ultimamente deu pra mentir descaradamente, ou alguém aí acredita que ele fala sério quando diz que Cuba e Venezuela são duas democracias? Tudo pra ver se arruma uns votinhos vazados do pneu furado do PT. Os demais candidatos não têm fôlego nem pra balançar a chama de uma vela. Só quem anda inchado que nem um cururu é o candidato da direita mais calhorda e fascista, o capitão que diz ser opressor e mito. Alianças? Como efetivá-las, se só está valendo o bom e velho "farinha pouca meu pirão primeiro"? Lá para agosto, nos minutinhos da prorrogação, talvez alguém se junte a alguém. Que quadro!

Lá no Piauí havia um locutor de futebol das antigas que dizia: “o tempo ruge”, quando uma partida estava se aproximando do final. Pois no Brasil de hoje, o tempo também ruge. Os sinais vitais do país começam a preocupar. Está sem governo agora e não tem perspectiva de ter governo depois das eleições. Não aparece ninguém para acender uma lamparina, propor uma união de forças e um projeto responsável e consequente de resgate do país do fundo da caverna. Os níveis de resistência já começam a fraquejar, as certezas se esfarinham e há uma nítida tendência a se confiar n’alguma solução milagrosa. Ninguém aprendeu nem com a última Copa que não adianta esperar por um salvador da pátria se o time não jogar em conjunto, com organização tática e vontade de vencer. Camisa 10 não ganha jogo, e sim trabalho duro. Neymar, Messi e Cristiano Ronaldo não conseguiram sozinhos o que seus times não souberam nem tiveram competência para alcançar em grupo. Voltaram pra casa com o rabo entre as pernas.

Pindorama, país do futuro

Por aqui, continuamos repetindo o jargão difundido pelo judeu-austríaco Stefan Zweigt em 1941: “Brasil, país do futuro”. O diabo é que o futuro teima em não chegar, porque só virá se formos buscá-lo. Estamos, sempre, esperando no fundo da caverna alguém com superpoderes para nos salvar. Sebastianistas impenitentes, aguardamos a volta de Dom Sebastião, o monarca desaparecido na batalha de Alcácer Quibir, que voltará para nos redimir e liderar. Insistimos na certeza de que o demiurgo trancafiado por corrupção numa cadeia de Curitiba sairá de lá ornamentado por guirlandas luminosas, em triunfo, para nos resgatar da gruta inóspita. E assim continuamos apostando na volta de outro Pai dos Pobres. Ou na ilusão de que um novo Collor surgirá das trevas para nos conduzir à luz, na forma do capitão-candidato que nos resgatará das trevas.

Segura na mão de Deus e não sairás do lugar

Sentados no fundo da caverna, não aprendemos que salvadores da pátria não passam de bactérias oportunistas. Dissimuladas no breu das grutas, atacam solertes e sugam a saúde – e também a educação, o emprego, a previdência, o transporte e o salário – de quem não se vacina contra elas. Entregamos o futuro nas mãos de líderes políticos ou religiosos, isso quando não misturamos as duas coisas e atribuímos poderes místicos a políticos carismáticos. Ou quando apenas deixamos tudo nas mãos de Deus ou de algum santo de devoção.

Esquecemos que, sem mão na enxada, não há entidade terrena ou divina que garanta colheita. Feijão, vacina, emprego, escola e estrada não caem do céu em forma de milagre. Desde que Jeová fez chover maná e Jesus multiplicou os peixes, não rola milagre pra valer por aqui. Só milagrinhos fakes dos profetas cretinos que batem na bíblia enquanto batem a carteira dos mais necessitados. E o país, lá no fundo da caverna, esperando. E esperando. E esperando...

Esperando o quê? A volta D’El Rey Dom Sebastião, o Venturoso, o Encantado que, em sua profunda Generosidade, erguerá sua Espada de Fogo, afugentará as Trevas e instituirá para o Povo Escolhido um Lindo e Eterno Reinado de Luz, Triunfo, Riqueza e Prosperidade!

E o Brasil no fundo da caverna, esperando... E a água, subindo, subindo...

* Paulo José Cunha é professor, jornalista e escritor 

Fonte: https://congressoemfoco.uol.com.br

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