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O que se sabe até agora sobre cloroquina, defendida e usada por Bolsonaro

Ao anunciar que contraiu o novo coronavírus, presidente afirmou que tomou cloroquina junto com antibiótico azitromicina para combater infecção
Presidente Jair Bolsonaro mostra comprimido de hidroxicloroquina
Reprodução/Facebook
Em vídeo, Bolsonaro afirmou que está fazendo tratamento com cloroquina
O interesse na hidroxicloroquina como medida preventiva e no tratamento de pacientes com coronavírus está em alta. Ao anunciar que contraiu o vírus , o presidente Jair Bolsonaro afirmou que tomou um derivado da droga , a cloroquina , junto com o antibiótico azitromicina para combater a infecção.

Já o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump , que não testou positivo para o vírus, disse ter feito uso do medicamento como medida preventiva.

Mas, apesar de alguns estudos iniciais aumentarem as esperanças sobre a droga, um estudo subsequente em larga escala mostrou que ela não é eficaz como tratamento para a Covid-19, a doença causada pelo novo coronavírus.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) interrompeu seus testes, alegando que o medicamento não reduz as taxas de mortalidade em pacientes com o vírus.

Para que serve a hidroxicloroquina?


A hidroxicloroquina tem sido usada há muito tempo para tratar a malária, bem como outras doenças, como lúpus e artrite.

Ela é usada para reduzir febre e inflamação, e havia esperança de que também poderia inibir o vírus que causa a Covid-19.

Alguns estudos iniciais mostraram que a cloroquina pode reduzir a duração dos sintomas experimentados por pacientes com coronavírus, enquanto outros indicaram que ela não teve nenhum efeito positivo.

Um dos maiores estudos do mundo em andamento — o Recovery, realizado pela Universidade de Oxford, no Reino Unido — envolveu 11 mil pacientes com coronavírus em hospitais do país e incluiu testar a eficácia da hidroxicloroquina contra a doença, além de outros tratamentos em potencial.

A conclusão foi que "não há efeito benéfico da hidroxicloroquina em pacientes hospitalizados com Covid-19" e o medicamento acabou retirado do experimento.

Existem mais de 200 outros estudos atualmente em andamento em todo o mundo.

Por que as drogas se tornaram tão controversas?


A promoção da droga por figuras políticas importantes, como Trump, fez com que a hidroxicloroquina e sua derivada, a cloroquina, se tornassem objeto de ampla especulação online sobre seus possíveis benefícios e efeitos nocivos.

Isso gerou uma alta demanda por esses medicamentos e sua escassez global.
Seu uso também dividiu a comunidade científica.

Experimentos em todo o mundo foram temporariamente descontinuados quando um estudo publicado na revista científica The Lancet afirmou que a droga aumentava fatalidades e problemas cardíacos em alguns pacientes.

Os resultados levaram a Organização Mundial da Saúde (OMS) e outras entidades a interromper os testes por razões de segurança.

No entanto, a Lancet posteriormente retirou o estudo do ar quando se constatou que ele apresentava sérias deficiências.

Como resultado, a OMS retomou seus experimentos.
Outros estudos analisaram o uso dos medicamentos como uma medida de prevenção contra a Covid-19.

A Unidade de Pesquisa em Medicina Tropical da Universidade de Oxford (Moru, na sigla em inglês) está conduzindo ensaios clínicos em massa. São 40 mil trabalhadores da linha de frente na Europa, África, Ásia e América do Sul, que receberam cloroquina, hidroxicloroquina ou placebo.

O professor Nick White, que lidera o estudo, disse: "A maioria dos especialistas concorda que há uma chance muito maior de benefício na prevenção do que no tratamento".

Esse estudo acabou temporariamente suspenso após a divulgação das descobertas da pesquisa publicada na Lancet . Agora, pode recomeçar.

Ainda não houve resultados deste ou de outros estudos randomizados em andamento sobre os medicamentos como tratamento preventivo.

Quais são os efeitos colaterais da hidroxicloroquina?


Vários países autorizaram o uso hospitalar de hidroxicloroquina ou seu uso em estudos clínicos sob a supervisão de profissionais de saúde.

Em março, o Food and Drug Administration (FDA), a agência sanitária dos EUA, concedeu autorização "emergencial" para o uso desses medicamentos no tratamento da Covid-19 em número limitado de casos hospitalizados.

Porém, o órgão emitiu um alerta sobre o risco das drogas causarem  sérios problemas nos batimentos cardíacos de pacientes com novo coronavírus. Também proibiu o uso deles fora de um ambiente hospitalar ou de um ensaio clínico.

E, finalmente em junho, o FDA retirou a droga de sua lista de medicamentos para o tratamento da Covid-19, alegando que os ensaios clínicos não mostraram benefício.

Também houve relatos de envenenamento por pessoas tomando cloroquina sem supervisão médica.
A OMS respondeu aconselhando as pessoas a não se automedicarem e "alertou contra médicos e associações médicas que recomendam ou administram esses tratamentos não comprovados".

A França havia autorizado os hospitais a prescrever os medicamentos para pacientes com covid-19, mas mais tarde reverteu a decisão depois que o órgão de regulação de saúde do país alertou sobre possíveis efeitos colaterais.

Por que esses medicamentos ganharam tanto destaque?


Houve vários estudos pequenos na China e na França que alegaram que a hidroxicloroquina e a cloroquina poderiam beneficiar pacientes com coronavírus.

Mas foi quando o presidente Trump mencionou a droga pela primeira vez em uma entrevista a jornalistas no fim de março que ela atraiu atenções ao redor do mundo.

E, em abril, ele disse: "O que você tem a perder? Tome".

Após as declarações do presidente americano, houve um aumento acentuado nas prescrições para hidroxicloroquina e cloroquina nos EUA.

Trump revelou em maio que  tomava hidroxicloroquina como medida de prevenção contra a Covid-19, mas depois disse que parou de fazer uso do medicamento.

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