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Professor do IFMG e empresário xingam nordestinos em vídeo gravado para comemorar vitória de Bolsonaro



Mais uma vez, moradores do Norte e do Nordeste do Brasil foram alvo de xenofobia nas redes sociais. Agora, dois belo-horizontinos protagonizaram um vídeo que circula pela web em que as ofensas podem ser vistas. Eles comemoravam a vitória do presidente Jair Bolsonaro (PSL) em um restaurante quando tudo ocorreu. Um deles diz que o capitão da reserva vai excluir os nordestinos “do grupo” e que “a gente não vai mais suportar esse pessoal do Acre, de Roraima, esse pessoal do Norte”. O outro, por sua vez, disse que a “galera do Nordeste tem que parar de gastar o dinheiro que o Sudeste produz”. A gravação repercute e provoca bastante revolta.
Um dos protagonistas é Vinicius Raposo, de 29 anos – que pode ser visto com a camisa do Galo na filmagem. Ele cursava doutorado em Zootecnia na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) em 2018 e também aparece como professor de cursos EAD no site do Instituto Federal de Minas Gerais (IFMG). A mesma informação consta no Currículo Lattes dele. O IFMG – Campus Bambuí informou que o docente faz parte do quadro da instituição e que “o fato já é de conhecimento da instituição”. “as medidas legais cabíveis já estão sendo tomadas”, diz um trecho da nota (veja na íntegra ao fim do texto).

O segundo homem que aparece no vídeo é Lucas Paolinelli, de 32 anos. Ele é sócio da empresa mineira Ramos e Campos Importação e Exportação Ltda, conhecida como Primus Gemstones. O BHAZ tentou contanto com ambos, mas nenhuma das ligações foi atendida até a publicação desta reportagem. A matéria será atualizada caso os envolvidos decidam se pronunciar.
Vinicius e Lucas apagaram seus perfis nas redes sociais logo que o vídeo começou a repercutir. Além de críticas pelas falas contra moradores do Norte e do Nordeste, o mais novo ainda recebe ameaças de torcedores do Atlético. Admiradores do time dizem, por meio de comentários em postagens sobre o assunto, que a postura dele não condiz com a de integrantes da torcida.
Vinicius também foi apontado como filho do dono da marca de água sanitária Dragão, mas a empresa nega qualquer vínculo com o rapaz. Uma nota de repúdio foi publicada no Facebook da empresa. Ao BHAZ, o gerente comercial e neto do fundador, Evyo Seve, de 31 anos, contou nunca ter visto nenhum dos homens do vídeo na vida. “A empresa é 100% nordestina, meu avô que fundou. Esse cidadão que aparece no vídeo, não faço ideia de quem seja. Garanto que não trabalha com a gente, que não tem nenhum vínculo, não o conheço”, explica.
Seve ainda conta ter recebido centenas de ligações desde que o vídeo começou a circular. “As pessoas não conferem as informações, espalham sem procurar a verdade. Essa situação está gerando muita dor de cabeça. Recebemos ameaças, atendi jornalistas, amigos, clientes. Teve gente dizendo que não vai mais comprar a marca. Isso atrapalha muito nosso trabalho e coloca o emprego de muita gente em risco. Nós temos orgulho do Nordeste. Conversei com nossos advogados e a área jurídica está traçando a melhor estratégia para resolvermos isso”, finaliza.

Xenofobia é crime

A lei que pune o crime de xenofobia existe desde 5 de janeiro de 1989. Ela diz que “serão punidos, na forma desta Lei, os crimes resultantes de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional”. A pena consiste em detenção de até 3 anos e multa. E existem três formas de denunciar: a primeira delas é por meio da plataforma SaferNet, a segunda diretamente no site do Ministério Público Federal. Por fim, a denúncia em relação ao crime, cometido pela internet ou não, também pode ser feita pelo telefone, no Disque 100.
Nota da IFMG na íntegra
O Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Minas Gerais (IFMG)- Campus Bambuí, dentro da sua história de 50 anos, vem a público reforçar o seu compromisso e respeito com a pluralidade do meio acadêmico. Ambiente este que visa a busca pelo conhecimento, nas diferentes formas de aprender e entender o mundo que nos interpõe. Fato primordial para a valorização de um espaço de transformação, que deve ser permeado pelo respeito e pela democracia.
Diante desse contexto, o IFMG não compactua com nenhuma forma de discriminação, e tem trabalhado incansavelmente na promoção do respeito a diversidade, a discussão das diferenças e na eliminação das diferentes formas de preconceito existentes. Estando comprometido com a formação de indivíduos pautados no respeito.
O IFMG esclarece que está tomando as providências legais cabíveis em relação ao fato ocorrido envolvendo servidores de nossa instituição, e reafirma que essa postura não condiz com os preceitos de nossa instituição. Continuaremos lutando por uma educação inclusiva, livre de “amarras” e pautada na ética, moral e civilidade. 

Fonte: Direção Geral do IFMG – Campus Bambuí

Fonte: https://bhaz.com.br

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