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Remédio contra impotência é o mais falsificado do País

70% dos homens recorrem às drogas por conta própria e viram alvos da pirataria de medicamentos

Foto: DIVULGACAO/REPRODUÇÃO
Medicamentos apreendidos pela PF no aeroporto de Campinas. Em 2010, 60 toneladas de falsos comprimidos foram retiradas do mercado
Os remédios contra impotência são os mais falsificados do País, mostra levantamento feito pelo iG Saúde no banco de dados eletrônico da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Entre 2008 e 2010 foram registrados 32 lotes de medicamentos alvos de pirataria em todo País, sendo 19 deles (59,3%) destinados à disfunção erétil (cada lote pode conter milhares de cartelas e caixas dos produtos).
As drogas pirateadas acabam vendidas em farmácias convencionais, pela internet ou em drogarias clandestinas e atendem a uma clientela masculina marcada por dois hábitos nocivos à saúde: o primeiro é a resistência (e a vergonha) em procurar ajuda médica para tratar um problema considerado um dos três grandes inimigos do homem. O segundo, consequência do primeiro, é a automedicação, característica perigosa que favorece o consumo de comprimidos falsificados.
“A origem da impotência pode ser uma doença desconhecida pelo homem, como diabetes ou hipertensão, por exemplo”, afirma Modesto Jacobino, presidente da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU).
“Ao buscar a solução para a disfunção erétil em um camelô, por exemplo, este homem pode ter acesso a uma droga inócua, não eficaz e mascarar ou postergar a convivência com um problema de saúde grave”, completa.
A dimensão do problema foi traçada pela SBU em pesquisa feita com 9 mil homens do País, entrevistados em 22 cidades brasileiras. Os resultados mostram que 50,3% dos participantes afirmaram já ter enfrentado problemas relacionados à impotência sexual. Deste recorte, 22% deles admitiram ter tomado remédios para tentar sanar a dificuldade de ereção, sendo que sete em cada dez fizeram por conta própria, sem avaliação ou indicação clínica.

As doenças que podem causar impotência

Pesquisa feita com 9 mil homens detecta presença de doenças que andam de mãos dadas com a disfunção erétil
Sociedade Brasileira de Urologia
O destino da automedicação pode ser a pirataria da saúde, um crime em ascensão no País, de acordo com a Comissão Antipirataria do Ministério da Justiça. Entre 2008 e 2009, as apreensões nacionais cresceram 5,3 vezes, passando de 44 toneladas para 235 toneladas de drogas falsas retiradas do mercado. Até setembro de 2010, o balanço parcial feito pela Anvisa em parceria com Polícia Federal mostra que foram 65 toneladas de medicamentos pirateados apreendidos, conforme o relatório de atividades disponível no site da Agência Sanitária.
O problema dos remédios falsos é que, além de não terem nenhuma certificação que garanta a eficácia, segurança e higiene sobre os métodos de fabricação, eles podem agravar sintomas já existentes. Ou ainda, informa Jorge Raimundo, presidente do Conselho Consultivo da Interfarma (Associação da Indústria Farmacêutica e Pesquisa), provocar problemas graves como a intoxicação.
“A farmacêutica oficial produtora do Viagra utiliza um corante azul para a fabricação de sua pílula que, comprovadamente, não traz risco a saúde e não provoca alergias”, explica Raimundo. “Um medicamento falsificado, para imitar a coloração, pode usar substâncias tóxicas que agridem o fígado. Nós nos preocupamos não apenas com o volume de remédios pirateados. Um único comprimido falso já pode provocar a morte em alguém”, alerta ele.
A Interfarma orienta aos pacientes ficarem de olho em alguns sinais que indicam falsificação. A regra básica é sempre buscar estabelecimentos de confiança e registrados na vigilância sanitária da cidade. Além disso, a entidade indica outros quatro passos que podem prevenir a compra de remédios pirateados, veja quais são eles.
Raspadinha
Segundo Jorge Raimundo da Interfarma, todos os medicamentos têm na embalagem uma espécie de “raspadinha”. Com qualquer objeto metálico é possível raspar e encontrar um código de segurança no produto, que certifica a autenticidade.
Selo de segurança
O especialista acrescenta que os medicamentos mais caros (como é o caso dos destinados à impotência) também têm selos de segurança na parte interna. Na dúvida, entre em contato com o Serviço de Atendimento ao Consumidor (SAC) do fabricante.
Formas e cores
Raimundo diz ainda que as farmacêuticas investem bastante em mecanismos de fabricação para variar a forma de seus comprimidos, alguns são triangulares outros em forma de balão. Outro diferencial são as cores, texturas e logomarcas fixados na própria pílula. Prestar atenção nestes detalhes também ajuda a evitar o consumo de produtos pirateados.
Confiança na venda
Por fim, outra forma de evitar a falsificação é sempre recorrer a pontos de venda de confiança, exigir nota fiscal da venda e não comprar nenhum produto medicinal pela internet.

Fonte: www.ig.com.br

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