No Dia de Combate ao Trabalho Escravo, Pastoral lembra chacina
Comissão Pastoral da Terra lembra chacina que resultou na morte de servidores que faziam fiscalização em fazendas de Unaí, em MG
Imagem: tribunahoje.com
A Comissão Pastoral da Terra (CPT) aproveitou o Dia Nacional de
Combate ao Trabalho Escravo, comemorado hoje (28), para lembrar os oito
anos da chacina que matou quatro servidores do Ministério do Trabalho que faziam uma fiscalização em fazendas da cidade mineira de Unaí. Em nota pública, a CPT cobrou providências dos três Poderes da República para acabar com o trabalho escravo no Brasil.
No que se refere ao julgamento dos acusados de assassinar os fiscais
do Trabalho em Unaí, a comissão criticou a lentidão do Judiciário. “Com
credibilidade já fortemente questionada junto à sociedade brasileira, o
Poder Judiciário mantém-se refém de procedimentos que o fazem andar a
passos de tartaruga, não oferecendo as respostas ansiosamente esperadas
pela sociedade”, acusa a CPT na nota.
A Comissão Pastoral da Terra reclama que o assunto também não recebe a
atenção necessária do Poder Legislativo. A nota lembra que uma Proposta
de Emenda à Constituição está parada, aguardando a última votação na
Câmara dos Deputados, para que seja aprovado o confisco de terras de
quem, comprovadamente, usa força de trabalho escrava. “Quando a Câmara
Federal vai acordar do torpor em que se encontra e votar esta medida,
viabilizando, assim, um instrumento altamente dissuasivo contra uma
chaga que aflige ainda milhares de trabalhadores? Ou prefere capitular
diante das exigências do agronegócio e de sua articulada bancada?
Propriedade ou dignidade? Lucro ou vida? Eis o dilema”, diz o texto.
Por fim, a CPT também cobra do Poder Executivo mais investimento para
o combate à exploração do trabalho escravo e a manutenção da chamada
Lista Suja, uma relação pública na qual constam os nomes de empregadores
que fizeram uso de trabalho análogo à escravidão. “Nestes dias, o
ministro do Trabalho, ao lançar o Manual de Combate ao Trabalho em
Condições Análogas às de Escravo, afirmou que o Brasil está perto de
vencer esta batalha. Realmente, passos importantes já foram dados, mas
muito sobra por fazer e a resistência é considerável”, declarou a CPT.
O Manual de Combate ao Trabalho em Condições Análogas às de Escravo
foi lançado pelo Ministério do Trabalho em Brasília esta semana. A
publicação é voltada para os auditores fiscais do Trabalho e ressalta a
importância da defesa dos direitos humanos dos trabalhadores, inclusive
estrangeiros que são explorados no Brasil.
Em 2011, ações de fiscalização do Ministério do Trabalho resultaram
no resgate de 2,2 mil trabalhadores em condições sub-humanas de
trabalho. Desde 1995, mais de 41 mil trabalhadores já foram resgatados
de atividades análogas à escravidão em todo o país. Além do trabalho
escravo no campo, o Brasil vive atualmente novas formas de exploração
nas cidades, principalmente de empregados domésticos e de trabalhadores
em confecções têxteis.
Fonte: www.ig.com.br
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