‘Faxina’ extrapola ministérios e atinge PF, Receita e até a CGU
Número de prisões e demissões de funcionários aumentou
Ayrton Vignola/AE
Grau de corrupção tem crescido entre agentes públicos
O recorde de seis ministros demitidos por suposto envolvimento com
malfeitos foi acompanhado por outro placar que também expõe a corrupção
governamental. Em tempos de faxina no setor público, a Polícia Federal
prendeu este ano 79 policiais em dez operações de combate ao crime
organizado realizadas em todos os Estados. O número de prisões é quase
cinco vezes maior que em 2010, quando foram detidos 17 policiais em três
operações.
Além disso, segundo dados da Controladoria-Geral da União (CGU),
órgão responsável pelo controle interno do governo, de janeiro a
novembro deste ano 514 servidores federais foram expulsos da
administração pública, um recorde para o mesmo período nos últimos oito
anos.
Levantamento feito pelo 'Estado' nos principais órgãos de controle da
União mostra que têm crescido tanto as prisões como as demissões de
fiscais da lei, como auditores da Receita Federal, analistas da CGU e
policiais em todos os níveis.
Diante do elevado grau de corrupção entre agentes públicos, a PF
intensificou em 2012 as ações repressivas voltadas para o setor policial
e as carreiras de Estado das áreas de fiscalização e controle. Novas
operações com esse foco, segundo o Estado apurou, estão programadas.
Os expurgos do setor público atingiram não só a PF, mas todas as
carreiras típicas de Estado, inclusive as que têm o dever cobrar dos
outros o cumprimento da lei. De 2004 a 2011, a CGU puniu malfeitos de 64
analistas e técnicos de finanças da própria equipe. Os números chamaram
a atenção das autoridades federais para a necessidade de fortalecimento
das corregedorias de controle interno que, com raras exceções,
funcionam precariamente e sem independência.
Operações. Agentes da PF foram detidos em diferentes
operações. Três foram presos na Operação Insistência, em agosto, em São
Paulo, por envolvimento com esquema de contrabando na Rua 25 de Março.
Outro foi detido por corrupção na Operação Pré-Sal, realizada em maio,
também na capital paulista. O grupo era acusado de extorquir empresários
de combustíveis no litoral norte.
Entre 2003 e 2010, a corregedoria da PF puniu mais de 600 policiais
com penas que vão de advertência a suspensão e demissão. Desse total, 72
(12%) foram demitidos por irregularidades graves, incluindo corrupção e
crime organizado.
Em 1434 operações realizadas desde 2005 a outubro deste ano, o órgão
prendeu também 1.778 servidores de todas as carreiras e esferas do setor
público. Destes, 55 eram policiais federais, sendo seis deles
delegados.
Militares. As ações da PF também resultaram em
prisões de policiais militares suspeitos de corrupção. Em fevereiro, a
Operação Sexto Mandamento prendeu 13 policiais militares, entre os quais
um coronel e vários oficiais, acusados de integrar um grupo de
extermínio que atuava há anos em Goiás.
Em março, a Operação Mar Vermelho colocou atrás das grades outro
militar, por contrabando e homicídio. No Mato Grosso, dois PMs foram
presos por assalto a banco, na Operação Balista, realizada em abril. Só
na Operação Láparos, realizada em novembro, no Paraná, foram presos por
contrabando 23 PMs. Essa mesma operação prendeu oito policiais civis.
Na captura do traficante Nem, em novembro, no Rio, foram tirados de
circulação quatro policiais civis que deram proteção ao criminoso.
Houve ainda prisões de PMs nas Operações Nicot, no Paraná e Loki, em
Santa Catarina, ambas por contrabando de mercadorias procedentes do
Paraguai.
Com corregedoria frágil e sem controle interno eficaz, a Polícia
Rodoviária Federal também passou a ser alvo frequente de operações. Na
Pisca Alerta, em março, foram presos dez agentes rodoviários de uma só
vez, todos acusados de corrupção. Eles eram responsáveis pela
fiscalização na BR-101 Sul (Rio-Santos) e agora respondem a processo
administrativo disciplinar.
Fonte: http://www.estadao.com.br/
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