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Empresário relata “lasanha de propina”, compra de CPI e movimentação de R$ 1,7 bi



Um dos delatores da Operação Lava Jato, o empresário Adir Assad afirmou, em depoimento à Justiça Federal no Rio, que movimentou R$ 1,7 bilhão em propina para empreiteiras, entre 2008 e 2011, e que a Andrade Gutierrez pagou R$ 30 milhões para “matar” a CPI do Cachoeira no Congresso. Diante do juiz Marco Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal do Rio, ele contou que fazia uma espécie de “lasanha” para distribuir a propina e que o dinheiro era distribuído indistintamente entre os partidos, do PSDB ao PT.

Preso desde 2015, ele admitiu que montou um esquema para ajudar empreiteiras a corromper políticos em troca de grandes contratos com o poder público. “Quando instalaram essa CPI do Cachoeira, eles não sabiam onde ela ia bater. Quando começou a respingar nas nossas empresas, virou um alvoroço no mercado”, afirmou.

O empresário disse que soube do pagamento depois do depoimento que prestou à comissão. Segundo ele, foi o ex-executivo da Andrade Gutierrez Flávio Barro que relatou ao seu irmão Samir Assad, também alvo da Lava Jato, o acordo com feito com os parlamentares para estancar a investigação.

Adir disse que estranhou o fato de não ter sido pressionado pelos integrantes da CPI quando compareceu ao Congresso, em 2012, para ser ouvido pelo colegiado. Só depois, ao ser informado sobre o acerto, é que entendeu o silêncio de deputados e senadores.

“Para matar a CPI. Tanto é que o dia que eu cheguei lá na CPI, foi uma maravilha. Porque eu cheguei lá estavam todos os deputados, senadores, todos no telefone, para não fazer pergunta pra mim. Pagamento de propina. Miou, né. A hora que eu cheguei lá parecia que eu fui lá fazer uma palestra. Nossa. Vai, Adir, senta aí. Vamos, acaba, acabou, acaba, para, para, fecha. Foi uma tranquilidade.”

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O empresário disse que pagou propina ao então governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), para que a Delta Engenharia, principal alvo da CPI do Cachoeira, participasse do consórcio responsável pela reforma do Maracanã para a Copa de 2014.

Adir relatou que empresas dele eram contratadas pelas empreiteiras para fazer terraplanagem. Ele emitia notas fiscais mesmo sem prestar o serviço e cobrava uma comissão de até 14% e devolvia a maior parte do dinheiro às construtoras.

“Nós colocávamos uma ou duas máquinas em cada obra. Se nos pegarmos aí ao valor das notas fiscais, fica evidente que não tem como – R$ 1,2 milhão, R$ 1,1 milhão cada nota fiscal. Se nós dividirmos isso por R$ 100 a hora, a máquina precisa trabalhar seis meses, dia e noite, sábado e domingo, sem manutenção para durar dois anos para chegar num faturamento desse”, explicou.

Questão de dinheiro

O empresário contou que fez repasses para os principais partidos do país, inclusive o PT e o PSDB. “Tudo é uma questão de dinheiro. Para se eleger um deputado federal custa R$ 30 milhões. Para eleger um deputado estadual custa R$ 20 milhões. Tanto é que eu forneci para todas as empreiteiras, porque a gente tinha essa facilidade desse crime”, disse.

Adir fez uma comparação curiosa ao revelar como a propina distribuída por ele era transportada até chegar aos destinatários. “A gente não colocava mais de R$ 150, R$ 170 mil por mala, porque elas faziam o tipo de uma lasanha, vai. Punha uma fiada de roupa não sei o que, uma fiada de dinheiro. Não sei se tinham um papel, um plástico que elas colocavam. E aí ia isso tudo para o avião”, declarou. O empresário foi ouvido pelo juiz Marcelo Bretas no inquérito da Operação Irmandade, que apura desvio milionário nas obras de Angra 3 da Eletronuclear.


Fonte: http://congressoemfoco.uol.com.br/

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